(Avaliação) Honda WR-V EXL: Melhor que qualquer Fit

Podemos dizer que o WR-V inaugurou um segmento no Brasil: Ele foi o primeiro crossover nacional derivado de um hatch (ou, nesse caso, monovolume), mas com boas mudanças em relação ao seu proveniente. Quem poderia levar esse mérito é o VW CrossFox, mas ele nada mais era que um Fox com adereços plásticos e um estepe pendurado atrás. O WR-V é quase um carro independente, com visual totalmente diferente do Fit, do qual ele tem origem.

Com outra cara, o WR-V lembra o Fit apenas quando olhado de lado (Foto: Lucca Mendonça)

O interessante é que seus principais concorrentes seguem a mesma receita, começada por ele: VW Nivus, que vem do Polo, CAOA-Chery Tiggo 3X Turbo, feito a partir do finado Celer, e o futuro Fiat Pulse, com origem no Argo. O diferencial desses modelos não está só no design, mas também nas úteis suspensões elevadas (pensando na qualidade do asfalto brasileiro, elas vêm bem a calhar), e, além disso, todos eles são boas portas de entrada pra quem não consegue pagar por um SUV de verdade.

Estilo pode dividir opiniões, mas a robustez mecânica é indiscutível

Na realidade o WR-V é um Fit descaracterizado e com outra aparência: Muitos preferem o estilo mais sóbrio e tradicional do monovolume ao invés das linhas agressivas e brutas do crossover, mas aí é questão de opinião. O importante é que o excelente conjunto mecânico é o mesmo nos dois, assim como o show de modularidades do interior.

Sob o capô do WR-V está um compacto 1.5 aspirado com quatro cilindros, tecnologia i-VTEC e 16 válvulas, capaz de entregar 115/116 cv e 15,2/15,3 mkgf de torque a altos 4.800 rpm (gasolina/etanol). A transmissão é automática do tipo CVT com simulação de 6 velocidades e tem até mesmo um conversor de torque para as arrancadas e baixas velocidades, priorizando a suavidade. Também chamam atenção a direção elétrica muito precisa e, negativamente, os freios a tambor nas rodas traseiras.

Simples e compacto, o 1.5 16V do WR-V faz sucesso pela resistência (Foto: Lucca Mendonça)

Não é um carro pra quem gosta de acelerar ou sentir emoções ao volante (o 0 a 100 km/h em quase 13 segundos e velocidade máxima na casa dos 170 km/h falam por si só), mas sim pra quem procura algo suave, confortável e, principalmente, econômico (com gasolina, as excelentes médias de 13,2 km/l na cidade e 18,4 km/l na estrada surpreenderam). Além disso, muitos consideram esse conjunto mecânico um dos mais robustos e fáceis de manter do mercado nacional hoje em dia.

Suspensões cerca de 6 cm mais altas que as do Fit fazem a diferença: elas prejudicam um pouco a estabilidade da carroceria e aumentam o centro de gravidade, mas atravessar lombadas, valetas e buracos se torna uma tarefa muito mais fácil. Mesmo nas situações mais críticas os amortecedores trabalham bem e não dão o famoso “fim de curso”, com aquela pancada seca, enquanto o parachoque dianteiro passa longe de raspar no chão.

As suspensões mais altinhas resultam em menor estabilidade, mas maior facilidade pra atravessar obstáculos (Foto: Lucca Mendonça)

Prático, modular e honesto como um Fit

Esses são alguns dos maiores diferenciais do WR-V quando comparado com seus rivais: ele tem origem em um monovolume de assoalho quase plano, teto alto, grande área envidraçada e bom ângulo de abertura das portas, ou seja, têm tudo de melhor que um pseudo-SUV pode oferecer. O sistema Magic Seat (antigo ULT), por exemplo, que permite posicionar os bancos de várias formas diferentes, é um belo diferencial que nem mesmo os utilitários maiores oferecem.

Dentro dele é possível acomodar quase tudo, dependendo da posição que os bancos são colocados (Foto: Lucca Mendonça)

E, lógico, se tem espaço para carregar coisas, tem espaço pra carregar gente. Até quatro adultos e uma criança vão confortáveis, e os passageiros traseiros só não viajam melhor pela falta de saídas de ar-condicionado na segunda fileira. Os 2,55 m de entre-eixos fazem a diferença no vão para as pernas dos ocupantes e no bom tamanho do porta-malas: 363 litros.

Quem conhece sabe: ele não é nenhum chamariz em tecnologia e eletrônica, mas é por um bom motivo. No WR-V você não encontra painel de instrumentos digital, mimos modernos de assistência a condução ou então uma super central multimídia: Aqui a simplicidade fala mais alto, já que menos tecnologia a bordo pode significar menos problemas para o carro no futuro. Tudo bem que para seu preço isso é uma falta grave, mas toda moeda tem dois lados.

Simplicidade fala mais alto: quanto menos tecnologia embarcada, menor a chance de problemas futuros (Foto: Lucca Mendonça)

A concorrência é de peso

Essa versão EXL é tabelada em R$104.600, e é a mais equipada da gama do WR-V. Ela é a única que traz o ar-condicionado digital automático, 6 airbags (dois frontais, dois laterais e dois de cortina), conjunto óptico Full-LED, bancos em couro, retrovisor interno fotocrômico e os sensores de estacionamento dianteiros e traseiros. Outros destaques são as rodas de liga-leve diamantadas aro 16, sensor crepuscular e piloto automático.

Foto: Lucca Mendonça

Ainda por cerca de R$104 mil é possível levar pra casa um Nivus Comfortline 1.0 turbo de 128 cv com uma lista de equipamentos bem próxima, ou então um Tiggo 3X Turbo Pro com o diferencial da chave presencial e multimídia generosa de 9”. O crossover da Honda é o único com motor aspirado, o que pode pesar contra, mas também é o mais interessante nos equipamentos de série.

Honda WR-V EXL vale a pena?

Com as vantagens da robustez, praticidade e boa revenda, esse Honda é uma excelente opção, mas talvez não nessa versão topo de linha avaliada. A escolha da intermediária EX de R$99.700 é mais sensata caso você queira economizar um pouco: ela perde alguns poucos itens, mas mantém boa parte do conteúdo interessante da EXL, incluindo o conjunto óptico em LED e ar-condicionado digital automático.

Seja da versão mais cara ou mais barata, o WR-V consegue ser ainda melhor que o Fit. A disputa com os seus rivais é acirrada, mas ele prova que ainda briga muito bem e pode ser um negócio pra lá de interessante no mundo dos crossovers.

Ficha técnica:

Concepção de motor: 1.497 cm³, flex, quatro cilindros,16 válvulas (quatro por cilindro), aspirado, injeção indireta de combustível, comando de válvulas único no cabeçote, i-VTEC, bloco de ferro fundido/cabeçote em alumínio
Transmissão: Automática do tipo continuamente variável (CVT), com simulação de 6 velocidades e possibilidade de trocas manuais nos paddle-shifts atrás do volante
Potência: 115 cv (gas)/116 cv (etanol) a 6.600 rpm
Torque: 15,2 mkgf (gas)/15,3 mkgf (etanol) a 4.800 rpm
Suspensão dianteira: Independente, McPherson, com barra estabilizadora
Suspensão traseira: Eixo de torção com molas helicoidais
Direção: Tipo pinhão e cremalheira, com assistência elétrica progressiva
Freios: Discos ventilados na dianteira, tambores na traseira
Pneus e rodas: Pirelli Cinturato P1, medidas 195/60. Rodas de liga-leve aro 16
Dimensões (comprimento/largura/altura/entre-eixos): 4,06 m/1,73 m/1,60 m/2,55 m
Porta-malas: 363 litros
Tanque de combustível: 45 litros
Peso em ordem de marcha: 1.138 kg
Aceleração 0 a 100 km/h: 12,8 s/12,6 s (g/e)
Velocidade máxima: 168 km/h/170 km/h (g/e)
Preço básico: R$104.600

Equipamentos de série:

Apoio para o pé, Apoio central de braço em couro, Ar-condicionado digital full touchscreen com a função de ajuste automático de temperatura, 4 Alto-falantes – Dois dianteiros e dois traseiros, 2 Tweeters dianteiros, Multimídia de 7″ multi-touchscreen com interface para smartphones Android Auto™ e Apple CarPlay® e navegador GPS, Bluetooth com comandos HFT (Hands Free Telephone) com Voice Tag, Câmera de marcha a ré multivisão, Volante multifuncional com revestimento em couro, com comandos de áudio, piloto automático e bluetooth, Banco do motorista com regulagem de altura, Coluna de direção com ajuste de altura e profundidade, Console central com porta-copos e porta-objetos, Porta copos na saída de ar-condicionado, Encosto de cabeça para todos os ocupantes, Iluminação interna dianteira individual e central, Iluminação interna do porta-malas, Limpador de pára-brisa do tipo flat blade com função variável e intermitente, Limpador e desembaçador do vidro traseiro, Painel Bluemeter com computador de bordo multifunções, Para-sóis com espelho de vaidade para motorista e passageiro, Piloto automático (Cruise Control), Porta-objetos nas portas dianteiras, Porta-revistas atrás dos bancos do motorista e do passageiro, Revestimento dos bancos em couro, Magic Seat Honda – exclusivo sistema de configuração dos bancos, Sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, Retrovisor interno fotocrômico (antiofuscamento), Retrovisores com luz indicadora de direção e rebatimento elétrico, Tomada 12 Volts, Acionamento dos vidros elétricos com função AUTO para motorista + passageiro, Faróis e Luzes de Rodagem Diurna (DRL) em LED, Faróis com acendimento automático (sensor crepuscular) e ajuste manual de altura, Lanternas traseiras em LED, Rack de teto, Retrovisores e maçanetas externas na cor do veículo, Para-brisa degradê, Vidros verdes com filtro UV, Faróis de neblina em LED, 6 Airbags (2 frontais, 2 laterais e 2 de cortina), Alarme, Barras de proteção lateral, Aviso sonoro do cinto de segurança para motorista e passageiro, Cintos de segurança dianteiros de 3 pontos com pré-tensionador; lim. força e regulagem de altura, Cintos de segurança traseiros de 3 pontos para todos os ocupantes, Chave tipo canivete com controle de abertura/fechamento das portas, Estrutura de deformação progressiva ACE™ (Advanced Compatibility Engineering), Sistema de alerta de frenagem emergencial ESS (Emergency Stop Signal), Freios dianteiros a disco e traseiros a tambor, Freios com sistema ABS e EBD (Antilock Brake System / Electronic Brake Distribuiton), Sistema VSA (Vehicle Stability Assist) – Assistente de estabilidade e tração, Sistema HSA (Hill Start Assist) – Assistente de partidas em aclives, Sistema TPMS – monitoramento de pressão dos pneus, Sistema Immobilizer – impede a ignição do motor, caso a chave tenha uma senha diferente, Sistema ISOFIX de fixação de cadeirinhas infantis, Conjunto de tapetes de série e pino de segurança para tapete do motorista, Trava de segurança central dos vidros dos passageiros, Trava de segurança nas portas traseiras, Travas elétricas com travamento automático acima de 15 km/h, Rodas de liga leve 16” com acabamento diamantado e preto, Direção com assistência elétrica progressiva (EPS).

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Com 22 anos, está envolvido com o meio automotivo desde que se conhece por gente através do pai, Douglas Mendonça. Trabalha oficialmente com carros desde os 17 anos, tendo começado em 2019, mas bem antes disso já ajudava o pai com matérias e outros trabalhos envolvendo carros, veículos, motores, mecânica e por aí vai. No Carros&Garagem produz as avaliações, notícias, coberturas de lançamentos, novidades, segredos e outros, além de produzir fotos, manter a estética, cuidar da diagramação e ilustração de todo o conteúdo do site.