(Avaliação) Fiat Toro Freedom T270 é “queridinha” e tem seus motivos
Posso apostar, e certamente ganho: a maioria das Fiat Toro que você já viu na rua é Freedom. Também, não é pra menos: essa configuração é vendida desde o lançamento da picape no Brasil em 2016, já teve opção de motor 1.8 flex e 2.0 turbodiesel, tração 4×2 ou 4×4, com transmissão manual de cinco ou automática de nove marchas. Mas hoje só existe uma Toro Freedom, que é esse carro das fotos, movido pelo motor 1.3 turboflex e câmbio AT6, sempre com tração dianteira. O preço? R$160 mil, que, aliás, já foi R$10 mil maior, antes da chegada da grandalhona Titano.
Bonitona
A Toro Freedom tem lá seus motivos para ser a mais queridinha da linha, e historicamente a mais vendida (não muito menos que a metade de todas as Toro já emplacadas são Freedom, segundo o DENATRAN). Ela é a segunda mais acessível, perdendo apenas para a Endurance, que está mais para veículo de trabalho despojado. E é bonitona, com faróis e luzes de neblina full LED, grade em preto brilhante, detalhes cromados na dianteira e traseira, elegantes rodas 17” diamantadas, rack de teto, além de recheios atraentes na cabine, a exemplo do ar digital de duas zonas ou da multimídia moderna com conexões sem fio.
Há certo refinamento inclusive no acabamento: por mais que o plástico prevaleça, ele é quase sempre decorado com tons brilhantes, imitando alumínio ou texturas, e o tecido dos bancos aparece bastante nas portas dianteiras. Atrás é tudo mais simples, com um espaço também proporcionalmente menor. Aliás, a “fórmula básica” da picape monobloco da Fiat ainda é a mesma, com ergonomia e dirigibilidade de SUV na dianteira, e certo aperto com posição de se sentar muito ereta no banco traseiro. Quem está acostumado a andar de caminhonete, inclusive nas maiores com chassi e cabine separados, estará acostumado com esses percalços, e certamente irá bem mais confortável na Toro.
Anda bem, bebe bem
Outra coisa que fala alto nessa versão é o desempenho. Apesar de pequeno lá no cofre, o 1.3 turboflex T270 de quatro cilindros em linha, injeção direta e MultiAir faz milagres na picape de quase 1.700 kg. São 180/185 cv de potência com 27,5 mkgf de torque, números iguaizinhos aos dos Jeep ou dos Abarth. Com torque prematuro e pouco turbolag, esse 1.3 turbo desperta ao redor dos 1.800 rpm com toda sua força, e segue com fôlego máximo até as altas rotações, onde as vezes a transmissão automática de seis marchas prefere que o motor trabalhe. De fato, a Toro desenvolve muitíssimo bem com esse conjunto, especialmente nessas versões menos pesadas, onde a sobra de torque é maior.
Apesar do curso longo do acelerador, pouco se usa dele quando a tocada é mais econômica, só que alguns “delays” entre retomadas de velocidade ou saídas rápidas podem incomodar. Também já adianto: a picape passa longe de ser econômica, especialmente quando se dirige em busca constante pelos 185 cavalos galopantes. Ela bebe bem: com gasolina e “pisando leve”, já conhecendo a sede desse T270 em carros grandes, as marcas ficaram entre 8,5 e 9,0 km/l na cidade, chegando no máximo a 14,0 km/l na estrada (110 km/h). Com etanol, em momento algum deu para passar dos 11,0 km/l, e o sistema Start&Stop, que ajudaria bastante no uso urbano, não é oferecido nem como opcional.
Na realidade, a transmissão automática, bem rápida, suave e silenciosa, ajuda e atrapalha nessa equação dos quilômetros por litro. A relação das seis marchas é longa, principalmente das últimas (a 6ª atua como sobremarcha, fazendo o motor girar ao redor de baixíssimos 2.400 rpm a 120 km/h), o que faz o T270 beber menos em velocidade constante na estrada, por exemplo. Porém, vez ou outra ela é “pega no flagra” esticando alguma das primeiras marchas sem necessidade, talvez focando na performance, e isso, claro, faz o carro gastar mais combustível.
Tudo pode ser contornado pelas aletas de trocas manuais atrás do volante, que logo atendem aos pedidos do motorista e sobem ou descem as marchas. Para os momentos de subir giro sem necessidade, essa opção das trocas manuais é excelente, enquanto o modo Sport de condução atende perfeitamente quem tem muita pressa ou quer se divertir mais ao volante (com ele ativado, o giro sobe, o câmbio se dedica ao desempenho e o acelerador se sensibiliza aos comandos). De qualquer forma, o silêncio impera no habitáculo de passageiros, que ouvem pouquíssimo o ronco do 1.3 turbo e nada da caixa AT6. Boa!
Pegada SUV
A Toro tem muito dos Jeep Renegade e Compass. Os bancos dianteiros são emprestados do primeiro, enquanto o segundo cede a folha externa das portas da frente, por exemplo. O que também é bem-vindo dos Jeep e faz uma tremenda diferença no uso geral da picape são as suspensões independentes nas quatro rodas, com direito até a um refinado eixo traseiro multilink, aquele fixado em vários pontos diferentes, o que privilegia a dinâmica em curvas ou ao passar por ondulações da pista (as rodas se mantém em maior contato com o solo). Claro, essa construção não é tão robusta e “paulera” quanto um feixe de molas, por exemplo, mas o conforto, a maciez e a absorção de impactos são tão bons na Toro quanto em um SUV de luxo. O mesmo vale para os freios.
E quem dirige a picape monobloco sabe bem: ela parece muito com um SUV, porém com a característica da direção extremamente desmultiplicada, com várias voltas de batente e batente. Isso implica em ter que virar mais o volante do que o “normal” em mudanças de faixas, contorno de rotatórias ou na hora de estacionar. Mas as rodas esterçam bastante e o raio de giro é contido, ou seja, a Toro é fácil de estacionar, apesar da carroceria longa. A Freedom oferece câmera traseira em alta resolução e sensores de ré de série, aliás.
Caçamba, se precisar
E, óbvio, tem também a caçamba lá atrás, que talvez não seja a parte mais usada nessas versões urbanas. O espaço é bom, principalmente na altura, vem revestido com plástico especial, coberto por capota marítima e traz ganchos para amarrar alguma carga, que não pode exceder os 750 kg. Não, sua caçamba não serve como porta-malas perfeito, até porque entra bastante água e poeira lá (como é o esperado), porém quem quer espaço para bagagens pensa mil vezes antes em um Fastback, por exemplo.
Custo X benefício
Tudo bem, tem Toro bem mais completa e refinada que essa Freedom (a exemplo da Volcano ou Ranch, por exemplo), mas considerando sua proposta de “segundo andar” nos preços já com bastante recheio, ela desponta também como um dos melhores custo X benefício. Foca no que o público mais pede, ou seja, visual requintado (para não parecer simples ou básico), vários itens de comodidade e tecnologia (pelo mesmo motivo), além dos bons acertos triviais de dirigibilidade, conforto e habitabilidade.
Ficha técnica:
Concepção de motor: 1.332 cm³, flex, quatro cilindros, 16 válvulas (quatro por cilindro), turbo, injeção direta de combustível, duplo comando de válvulas no cabeçote com variador de fase no escape, MultiAir, bloco e cabeçote em alumínio |
Transmissão: automática com conversor de torque e 6 velocidades, com trocas manuais na alavanca ou paddle-shifts |
Potência: 180/185 cv a 5.750 rpm (gasolina/etanol) |
Torque: 27,5 mkgf a 1.750 rpm (gasolina/etanol) |
Suspensão dianteira: independente, do tipo McPherson, com barra estabilizadora |
Suspensão traseira: independente, multilink, com barra estabilizadora |
Direção: com assistência elétrica progressiva |
Freios: discos ventilados na dianteira e discos sólidos na traseira |
Pneus e rodas: Pirelli Scorpion Verde All Season, medidas 225/60 e rodas de liga-leve aro 17 |
Dimensões (comprimento/largura/altura/entre-eixos): 4,94 m/1,84 m/1,68 m/2,98 m |
Caçamba: 937 litros
Capacidade de carga: 750 kg |
Tanque de combustível: 55 litros |
Peso em ordem de marcha: 1.670 kg |
Aceleração 0 a 100 km/h: 10,8/10,7 segundos (gasolina/etanol) |
Velocidade máxima: 199 km/h/201 km/h (gasolina/etanol) |
Preço básico: R$159.990 (carro avaliado: R$162.480) |
Itens de série:
Ar-condicionado digital dual-zone, Barras longitudinais no teto, Câmera de ré, Multimídia de 8,4″, conexões Apple CarPlay e Android Auto sem fio, Comandos de voz Bluetooth,MP3, Rádio AM/FM, entrada aux, Porta USB, Faróis de neblina em LED, Faróis Full LED, Grade com moldura preto brilhante, Paddle-shifters, Roda de liga leve 17″, Volante multifuncional em couro com regulagem de altura e profundidade, Espelho iluminado no para-sol para motorista e passageiro, Hill Holder, Abertura elétrica do bocal de abastecimento, 6 Airbags, Alarme antifurto, Alças de segurança traseiras com luzes de leitura incorporadas, Alerta de uso do cinto de segurança para todos os ocupantes, Alertas de limite de velocidade e manutenção programada, 6 Alto-falantes + antena curta, Apoia-pé para o motorista, Apoio de braço frontal, ASR (Controle de Tração), Banco do motorista com regulagem de altura, Capota marítima, Revestimento plástico da caçamba, Cintos de segurança dianteiros retráteis com regulagem de altura, Painel de instrumentos de 7″ full digital, Desembaçador do vidro traseiro, Direção elétrica, ESP (Controle Eletrônico de Estabilidade), ESS – Emergency Stop Signal, Freios ABS com EBD, Modo Sport, ISOFIX, Ganchos para amarração de carga na caçamba, Iluminação interna da caçamba em LED, iTPMS (Sensor de pressão dos pneus), Para-choque traseiro com soleira cromada, Piloto automático com limitador de velocidade, Retrovisores externos com comando eletrico e função tilt-down, Sensores de estacionamento traseiro, Tampa traseira dupla com destravamento elétrico, Tapetes em borracha, TC+ (Eletronic Locker), Travas elétricas com travamento automático a 20 km/h, USB frontal (type A/C) + traseiro (type A), Vidros elétricos dianteiros e traseiros com one touch e antiesmagamento lado motorista