(Avaliação) Fiat Pulse S-Design 1.3 CVT: 2.000 km com o SUV “enfeitado”
De longe, o Pulse mais vendido é o Drive com motor 1.3 Firefly e câmbio automático CVT. De acordo com dados do Denatran de outubro de 2024, das mais de 140 mil unidades emplacadas até então, mais de 40 mil são dessa versão e com esse conjunto mecânico. Por essas e outras, ele foi o nosso escolhido para um teste de três semanas e exatos 2 mil km. De quebra, uma unidade equipada com o pacote opcional S-Design, que deixa o SUV pequeno enfeitado e mais recheado por R$5 mil extras, sem contar a pintura em dois tons.
Atualmente, um carro igual ao das fotos ronda os R$124 mil. Bons tempos quando, no início de 2022, avaliamos um semelhante que custava menos de R$105 mil da época. Mas, preços a parte, o Pulse 1.3 CVT segue um concorrente feroz das versões de entrada do Renault Kardian, já que o VW Nivus subiu de patamar e o Tera ainda não chegou…
Como anda…
Dos exatos 2.001 km percorridos, cerca de 70% deles foram na estrada. E, nesse caso, não falamos do melhor habitat para essas versões de entrada do Pulse, muito por conta do seu conjunto mecânico mais simples. Econômico e robusto, o motor 1.3 Firefly não é dos mais potentes ou elaborados: tem apenas duas válvulas por cilindro, dispensando variadores de fase ou injeção direta, tudo em prol da durabilidade e manutenção fácil. São 98/107 cv de potência e torque ao redor dos 13,5 mkgf para impulsionar um “corpinho” de quase 1.200 kg, não muito leve.
Junto do confortável e progressivo câmbio CVT, temos um carro com comportamento extremamente ágil nas baixas velocidades, especialmente nas arrancadas: com a menor pressão no acelerador, ele sai quase como se tivesse motor superalimentado, graças a calibração sensível do pedal direito e uma curva de torque que privilegia justamente o uso urbano. As saídas em semáforos, retomadas após desacelerações para lombadas ou partidas em ladeiras são feitas com tranquilidade, também por conta da concepção do Firefly com duas válvulas por cilindro, que garante melhor performance nas menores velocidades. O conta-giros, enquanto isso, mantém-se quase sempre ao redor dos 2.000 rpm.
Entretanto, como nosso Pulse rodou bem mais na estrada, ficou nítido seu comportamento mediano em algumas situações. Se não houver pressa por parte do motorista, dá para ganhar velocidade de forma progressiva sem exigir altas rotações do Firefly, que, aliás, trabalha em giros baixos graças a caixa CVT com relação final longa (ao redor dos 2.400 rpm a 120 km/h). Mas, nos momentos de ultrapassagens rápidas ou retomadas mais imediatas, não há muito o que fazer: é “pé na tábua” para subir o rpm do 1.3 para perto do seu torque máximo. Porém, depois de “embalado”, é fácil mantê-lo em velocidade de cruzeiro, ajudado pelo arrasto aerodinâmico não tão grande.
Sabendo que essas versões de entrada não teriam o melhor desempenho, como esperado em modelos similares (geralmente com motor turbo de série, vide Kardian), a Fiat tratou de colocar de série dois aliados importantes para os momentos de carro cheio: modo Sport de condução, ativado por um enorme botão no volante, que sobe a rotação do motor, muda o comportamento do acelerador e agiliza o CVT, além da opção de trocas das “marchas” manualmente pela alavanca. Essa transmissão continuamente variável, aliás, é uma das melhores do mercado em simular as velocidades programadas (no caso, sete).
Quanto gasta…
Porém, mesmo com algumas limitações na performance rodoviária, exatamente como esperado em uma versão de entrada com motor pequeno de aspiração natural (para quem quer desempenho, tem as opções turbo com 130 cv), o Pulse Drive se vira com o que tem. E ainda brinda o motorista com excelentes médias de consumo, marca registrada desses propulsores Firefly. Ok, alguns litros a mais no tanque de combustível fazem falta em viagens longas (são 47 no total), porém anima o quanto um tanque cheio pode render.
Com gasolina, chegamos a 560 km, com o computador de bordo indicando mais cerca de 70 km de autonomia com a reserva. Se queimasse literalmente todo o tanque, seriam mais ou menos 630 km de alcance máximo, considerando um uso 35% urbano e 65% rodoviário. 13,4 km/l de gasolina, para ser mais exato. As melhores marcas? 17,7 km/l na estrada só com motorista a bordo e ar-condicionado ligado, ou 14,1 km/l na cidade com ar desligado e trânsito livre. O danado é pão-duro!
Vantagens do etanol
Dali em diante, até completar os 2.000 km do teste, o Pulse só queimou etanol, combustível que o deixa mais ágil (ganha algum torque) e até um pouco menos áspero no funcionamento geral. O carro, aliás, é bastante silencioso, com o ruído do motor invadindo a cabine com maior presença apenas acima de 2.800 ou 3.000 rpm. Seu nível de isolamento acústico também estanca bem a barulheira do mundo externo, bem como o trabalho das suspensões. Pena que o acabamento interno, cheio de plástico, já produzisse alguns ruídos na unidade avaliada.
Números de consumo com etanol? Cerca de 500 km rodados por tanque, também mesclando cidade e estrada, e evitando ao máximo os recursos “gastões” do modo Sport ou trocas manuais. Em média, 10,5 km/l, com o ápice de 13,4 km/l na estrada e 11,7 km/l na cidade. Dada a atual diferença de preço, no estado de São Paulo, entre gasolina e etanol, e o quanto o Pulse rendeu com os dois combustíveis, o abastecimento acabava quase sempre sendo mais interessante com o derivado de cana.
Mais ergonômico e equipado
O Pulse é um carro de habitabilidade elogiável, principalmente se considerado seu forte parentesco (para não dizer mais) com o hatch compacto Argo (que tem alguns pênaltis como bancos pequenos, volante distante do motorista e assentos planos). No SUV pequeno, apesar da falta de regulagem de profundidade da coluna de direção nessa versão Drive, já existe um par de bancos dianteiros bem superiores, tanto em ergonomia, tamanho e espuma. Os traseiros seguem a mesma receita.
Aliado ao reposicionamento do volante, um pouco mais próximo do condutor, temos um posto de condução mais confortável. Mesmo para quem “passa da medida” no porte físico, caso de quem vos escreve, com 125 kg e 1,87 m de altura. Apesar de pequeno, o valioso apoio de braço central regulável está lá presente, aumentando o bem-estar dos dois ocupantes dianteiros. O teto é alto, combinando com a posição elevada de dirigir e com o capô dianteiro sempre presente no campo de visão do condutor.
Um dos itens bem-vindos nesse pacote S-Design é a multimídia maior, de 10,1”, que ainda traz o útil navegador GPS. O aparelho é rápido, bom de toque, tem conexões sem fio e permite vários ajustes bacanas. Faz uma boa dupla com a telinha central do painel de instrumentos, que, aliás, usa exatamente a mesma receita do Argo, porém com outro design e grafismo dos números. Foi por ele, inclusive, que o Pulse do teste deu boas-vindas ao verão e desejou feliz Ano-Novo em uma série de animações programadas pela Fiat. Esses “mimos” também existem nos Argo, Cronos e Fastback, vale falar.
Espaçoso e prático
A vida a bordo do menor SUV da Fiat é tranquila, com controles fáceis, comandos intuitivos e, para a alegria de alguns e tristeza de outros, parte dos comandos do ar-condicionado digital automático pela multimidia. A enorme quantidade de porta-trecos pela cabine é quase uma benção para os ocupantes, que conseguem guardar, posicionar ou esconder tralhas de diferentes tamanhos e formatos. O porta-luvas também é gigante, porém com a famigerada tampa desalinhada com o painel. Esse é um problema polêmico de todo Pulse e Fastback, aliás. Pênalti de acabamento…
Em diferentes ocasiões, o carro do teste teve que rodar com cinco ocupantes mais bagagens a bordo. Embora não falte muito espaço interno, graças a uma disposição inteligente das partes da cabine (nem parece que só tem 2,53 m de entre-eixos), a ausência de saídas de ventilação traseiras foi um problema nos dias mais quentes. Para tentar driblar isso, seu sistema de ar-condicionado é poderoso: “congela” quem está na frente para refrescar a segunda fileira. Atrás, inclusive, há uma porta USB convencional.
No porta-malas, cabe o suficiente para o porte do carro: os 370 litros declarados pela Fiat são baseados na medição “líquida” do espaço, bem mais presunçosa que o tradicional padrão VDA. Na prática, o compartimento não parece ser tão maior que o do hatch Argo, com 300 litros VDA. Não é nenhum latifúndio, nem tampouco o maior do segmento, mas convenceu no uso diário. Não faltou espaço.
Robusto
Nessa versão Drive, que, apesar de bonita graças ao pacote S-Design, ainda é a de entrada, há um conjunto de pneus mais altos (195/60) associados as rodas menores (aro 16). Eles amenizam o trabalho das suspensões na absorção de impactos em pisos ruins. Molas e amortecedores, aliás, já são erguidos o suficiente para fazer dele um SUV segundo as regras do INMETRO (leia aqui). Na prática, é quase impossível chegar ao fim de curso do conjunto, mesmo “castigando” ao máximo com buraqueira, lombadas ou valetas atravessadas em alta velocidade. Além de demonstrar robustez, nesse quesito o Pulse ainda consegue ser bem confortável e macio, sem que isso prejudique sua dinâmica.
Encarar “crateras”, “voar” lombadas, “pular” valetas, subir calçadas altas e até entrar de cara em poças d’água que cobriram quase metade da roda, todas missões realizadas e cumpridas com o carro durante o período de teste. Os ângulos de ataque e saída bem pronunciados ainda deixaram os parachoques longes do solo durante todas essas “aventuras”: não rasparam no chão em momento algum, assim como o assoalho.
O bom vão-livre do solo também mantém protegida toda a mecânica inferior. Excelente, com destaque para a capacidade de enfrentar alguns off-roads leves, que nem todo carro do porte dele têm. O carro mostrou a perfeita união da robustez mecânica de um Fiat “popular” como o Argo com os bônus do perfil mais SUV. Economia, boa habitabilidade, desempenho mediano e alto nível de praticidade também se somam as qualidades mostradas pelo Pulse nesses 2.000 km em 20 dias.
Ficha técnica:
Concepção de motor: 1.332 cm³, flex, quatro cilindros, 8 válvulas (duas por cilindro), aspiração natural, injeção indireta de combustível, comando de válvulas único no cabeçote, bloco/cabeçote em alumínio |
Transmissão: automática do tipo CVT, com simulação de 7 marchas e opção de trocas manuais na alavanca |
Potência: 98/107 cv a 6.250 rpm (gasolina/etanol) |
Torque: 13,2/13,7 mkgf a 4.250 rpm (gasolina/etanol) |
Suspensão dianteira: independente, tipo McPherson, com barra estabilizadora |
Suspensão traseira: eixo de torção com molas helicoidais |
Direção: com assistência elétrica progressiva |
Freios: discos ventilados na dianteira e tambores na traseira |
Pneus e rodas: Goodyear Eagle Touring, medidas 195/60. Rodas de liga-leve aro 16 |
Dimensões (comprimento/largura/altura/entre-eixos): 4,10 m/1,77 m/1,57 m/2,53 m |
Porta-malas: 370 litros |
Tanque de combustível: 47 litros |
Peso em ordem de marcha: 1.187 kg |
Aceleração 0 a 100 km/h: 11,4/12,2 seg. (etanol/gasolina) |
Velocidade máxima: 177/173 km/h (etanol/gasolina) |
Preço básico: R$116.990 (carro avaliado: R$123.980) |
Itens de série:
Gear Shift Indicator (Indicador de troca de marcha), Cintos de segurança traseiros retráteis (3) de 3 pontos, Alto falantes dianteiros (2), Alto falantes traseiros (2) e Antena, Ar-condicionado automático digital, Console central com apoio de braço, porta-copos, porta-celular e porta-objetos, Banco do motorista com regulagem de altura, Faróis em LED, Novo motor Firefly 1.3 8V Flex, Gancho universal para fixação cadeira criança (Isofix), Piloto automático (Cruise Control), Desembaçador do vidro traseiro temporizado, Volante com regulagem de altura, Drive by Wire (Controle eletrônico da aceleração), Maçanetas e retrovisores externos na cor da carroceria, Roda de liga leve R16 x 6,0, Hill Holder (sistema ativo freio com controle eletrônico que auxilia nas arrancadas do ve ículo em subida), ASR (Controle eletrônico de tração), Lanterna traseira em LED, Vidros elétricos dianteiros e traseiros com one touch e antiesmagamento, Espelho no para-sol (2) – motorista e passageiro, Apoios de cabeça dianteiros com regulagem de altura, Cintos de segurança dianteiros retráteis de 3 pontos com regulagem de altura, Sensor de estacionamento traseiro, ESC (Controle Eletrônico de Estabilidade), iTPMS (Sensor de pressão dos pneus), Travas elétricas com travamento automático a 20 km/h, Alertas de limite de velocidade e manutenção programada, Central multimídia com tela de 8,4″ touchscreen, Apple Car Play e Android Auto wireless, Comandos de Voz, Bluetooth, MP3, Rádio AM/FM, Entrada Auxiliar, Porta USB (2): USB Tipo A e Tipo C., Airbags (4) – Frontal (2), Tórax e Cabeça (2), TC+ (Electronic Locker), Abertura elétrica do bocal de abastecimento, Quadro de instrumentos 3,5″ multifuncional com relógio digital, calendário e informações do veículo em TFT personalizável, Apoios de cabeça traseiros (3) com regulagem de altura, Estepe temporário, Follow me home, Retrovisores externos com regulagem elétrica e função Tilt down, Direção elétrica, Lane Change (Função auxiliar para acionamento das setas indicando trocas de faixa), USB traseira (Tipo A), HCSS (Sistema de partida a frio sem tanque auxiliar de gasolina), Barras longitudinais no teto, LED DRL, ESS (Sinalização de frenagem de emergência), Comandos de áudio e painel de instrumentos no volante, Modo Sport com botão de acionamento no volante, Alerta de não utilização do cinto de segurança (5) – motorista, passageiro dianteiro e passageiros traseiros (3), Repetidores de seta laterais em LED, Brake light, Limpador e lavador do para-brisa com intermitência, Alarme antifurto, Computador de Bordo (distância, consumo médio, consumo instantâneo, autonomia, velocidade média e tempo de percurso), Chave canivete com telecomando para abertura das portas, Câmbio automático CVT (7 velocidades simuladas), Freios ABS com EBD