(Avaliação) Fiat Fastback T200 Hybrid é o primeiro passo na eletrificação automotiva

Tudo precisa começar de algum ponto. Inclusive a eletrificação da frota nacional. 100% elétricos enfrentam problemas no tempo das recargas e limitações de autonomia, enquanto híbridos convencionais e plug-in ainda são caros para uma parte da população. Então, porque não começar com os tais híbridos leves, os MHEV? Por essas e outras, a Fiat decidiu apostar nesse tipo de tecnologia, a mais “rudimentar” das motorizações eletrificadas, para as versões mais caras de Pulse e Fastback.  

Aumentos e promessas

O tal sistema aumentou o preço deles em R$2 mil prometendo até 11,5% de economia de combustível. No caso do Fastback Audace avaliado, a segunda versão mais cara do SUV coupé, falamos de R$156 mil. Mas, será que vale a pena entrar nesse mundo? Sete dias e 500 km com o modelo ajudaram a responder essa dúvida.  

O que muda?

Por fora, com exceção do emblema “T200 Hybrid” na tampa traseira, nada muda. Por dentro, painel de instrumentos com novo grafismo e marcadores adicionais na tela colorida central. Da mesma forma, o mesmo motor 1.0 turboflex de três cilindros, com injeção direta e Multiair, faz par com o conhecido câmbio automático tipo CVT que simula sete velocidades. 125 cv com gasolina, 130 com etanol, e sempre os 20,4 mkgf de torque. “Hybrid”? Isso só depois da partida e durante o uso, claro. 

Como ele tem uma só peça que une motor de arranque ao alternador, formando um pequeno gerador de força, a partida do motor 1.0 turboflex é bem mais silenciosa e suave, sem o característico som de qualquer motor de arranque em funcionamento. Nessa versão, a tela digital de 3,5” no painel de instrumentos já é ligada mostrando o “panorama híbrido”: basicamente, uma barrinha que indica a adição de força e o processo de regeneração de energia do sistema MHEV, e outra do nível de carga disponível no sistema. Bem fácil de entender.

1.0 turboflex mais folgado 

Com esse Fastback Audace, ficou claro que o SUV coupé consegue ser um pouco mais desenvolto no uso urbano, afinal o tal gerador de força rende 4 cv e 1 mkgf extras ao conjunto. Com mais força, a Fiat alongou as “relações” do CVT, que faz o 1.0 turboflex trabalhar em rotações mais baixas (mais silêncio, mais economia). O motor a combustão trabalha mais folgado, e nitidamente consegue mover o carro com ainda menos esforço. Acompanhando pelo marcador do nível de carga da bateria, ela logo vai se esvaziando, afinal é pequena (algo como 0,5 kWh).

No uso diário, o motor 1.0 turboflex trabalha entregando menos carga, e assim deixa o Fastback mais suave, silencioso e econômico (Foto: Lucca Mendonça)

Ao menos no caso do exemplar avaliado, ela foi vista com menos de ¼ da sua capacidade total pouquíssimas vezes, ou seja, sempre estava disposta a fornecer energia para o sistema funcionar. Não ficou inativo em momento algum. Quem carrega a pequena bateria de tração, instalada debaixo do banco do motorista, é o próprio motor a combustão, ou então a regeneração durante frenagens e desacelerações. Apesar de o CVT manter-se inerte, com pouca ação de freio-motor, os Fiat “Hybrid” tem certa atuação (discreta) no próprio sistema de freios, nesse processo de recuperação de energia. O motorista logo sente na condução.  

E o consumo?

1.0 turboflex trabalhando com menos carga, CVT alongado, mais desenvoltura no trânsito urbano, outras informações ao motorista, bateria que não parece se esgotar, tudo ótimo. E o propósito principal, que é economizar combustível? Durante nossa semana de testes, boas surpresas! Como já dito, é na cidade que qualquer híbrido rende mais: no caso do Fastback, foi possível manter médias na casa dos 13,5 km/l de gasolina, chegando ao pico de 15,1 km/l nas melhores situações. Mostrou-se consideravelmente mais econômico que as versões 1.0 turboflex convencionais, e só não oferece maior autonomia pois o tanque de combustível diminuiu (45 litros).

Na estrada, onde o sistema age de forma mais discreta (como acontece com todo híbrido, leve ou não), quase se igualou ao 1.0 turboflex convencional, rondando os 17,0 km/l, também com gasolina, a cerca de 110 km/h. Em momentos mais propícios, bateu os 18,5 km/l, sempre pelo computador de bordo que, aliás, tem a informação adicional de quantos kWh foram recuperados no processo de regeneração de energia. Em 508 km percorridos na semana de testes, indicou 3,88 kWh de ganho energético. 

Mesma vida a bordo

Para quem o dirige, falando de acertos de direção, suspensões e freios, está tudo igual. O Fastback é principalmente confortável, especialmente nessas versões com rodas aro 17 e pneus mais altos, mas não deixa de lado o comportamento neutro e seguro nos desvios bruscos de trajetória ou curvas rápidas. A altura menor da carroceria (quando comparada com outros SUVs convencionais) acaba ajudando.

Bonitas, as rodas de liga aro 17 com acabamento diamantado usam pneus de perfil mais alto nessa versão (Foto: Lucca Mendonça)

Leve e precisa, a direção com assistência elétrica continua permitindo balizas com o mínimo de esforço e uma condução correta nas médias e altas velocidades. Freios? Competentes, mas com os tambores nas rodas traseiras. Mancada mesmo é essa versão não oferecer ajuste de profundidade da coluna de direção: o volante pode ficar distante de motoristas mais altos, então o item faz bastante falta. Pelo preço, também faltam mais airbags além dos dois frontais obrigatórios por lei e dois laterais dianteiros. Hatches de entrada como Chevrolet Onix e Hyundai HB20 já trazem seis bolsas de série há anos… 

Espaço de sobra

Espaçoso, ele tem a limitação da curta distância entre-eixos (herança da plataforma MLA, evolução da MP1 do Argo), mas dribla bem esse impasse com uma distribuição inteligente dos elementos internos, como bancos, console, painel e pedaleira. Ainda que o espaço para pernas e joelho de motorista e passageiro dianteiro não seja dos melhores, sobra um generoso vão para quem viaja no banco traseiro. O teto alto ajuda na mobilidade interna descomplicada, e, nessa versão, estão presentes as portas USB e saídas de ar-condicionado traseiras.  

Sobra (muito) porta-malas: 600 litros, para ninguém botar defeito. A cabine do Fastback também é cheia de porta-trecos e lugares para guardar tralhas, pequenas, médias ou grandes, algo bem prático para o uso diário. A Fiat abusa do plástico duro no acabamento interno, com direito até a alguns encaixes tortos das peças, mas compensa com poderosos sistemas de som e ar-condicionado. Essa versão Audace já é completa de tecnologias: oferece ADAS com tudo que o modelo tem direito, sensores de chuva e crepuscular, retrovisor interno fotocrômico, multimídia grande, conjunto óptico inteiro em LED, freio de mão eletromecânico, navegador GPS etc. 

“Meu primeiro carro híbrido”

Esses Fastback MHEV, assim como os Pulse com a mesma tecnologia, devem ser os primeiros carros eletrificados de muita gente. E é justamente isso que a Fiat planeja. Quem gostar, e quiser evoluir, pode pular para um híbrido convencional e, quem sabe, depois entrar no mundo dos plug-in. Pelos tais R$2 mil a mais no preço de tabela, a novidade pode ser interessante… 

Ficha técnica:

Concepção de motor: 999 cm³, flex, três cilindros, 12 válvulas (quatro por cilindro), turbo, injeção direta de combustível, comando de válvulas único no cabeçote, variador de fase no escapamento, MultiAir, bloco e cabeçote em alumínio. Auxílio via sistema híbrido-leve de 48 Volts
Transmissão: automática tipo CVT com simulação de sete marchas e opção de trocas manuais na alavanca ou paddle-shifts
Potência: 125/130 cv a 5.750 rpm (gasolina/etanol)
Torque: 20,4 mkgf a 1.750 rpm (gasolina/etanol)
Suspensão dianteira: independente, McPherson, com barra estabilizadora
Suspensão traseira: eixo de torção com molas helicoidais
Direção: com assistência elétrica progressiva
Freios: discos ventilados na dianteira e tambores na traseira
Pneus e rodas: Pirelli Cinturato P7, medidas 205/50 e rodas de liga-leve aro 17
Dimensões (comprimento/largura/altura/entre-eixos): 4,43 m/1,77 m/1,55 m/2,53 m
Porta-malas: 600 litros
Tanque de combustível: 45 litros
Peso em ordem de marcha: 1.253 kg
Aceleração 0 a 100 km/h: 9,7/9,4 segundos (gasolina/etanol)
Velocidade máxima: 194/196 km/h (gasolina/etanol)
Preço básico: R$155.990 (carro avaliado: R$160.570)

Itens de série:

Multimídia de 10,1″ com conexões sem fio para Android Auto e Apple CarPlay, Abertura elétrica do bocal de abastecimento, ADAS (Alerta de colisão frontal, Frenagem autônoma de emergência, Alerta de mudança involuntária de faixa e Comutação automática de farol alto), 4 Airbags (dois frontais + dois laterais dianteiros), Alarme antifurto, Alças de segurança (três no total), Alerta de não utlilização do cinto de segurança (todos os ocupantes), Alertas de limite de velocidade e manutenção programada, Sistema de som com 6 alto-falantes, Antena tipo “barbatana de tubarão”, Apoios de cabeça com ajuste de altura (cinco no total), Ar-condicionado automático e digital, TC (Controle eletrônico de tração), Banco do motorista com regulagem de altura, Banco traseiro bipartido 60/40 e rebatível, Brake light, Câmera traseira em alta definição com linhas adaptativas, Comandos de Voz, Portas USB (quatro no total), Cintos de segurança dianteiros retráteis de 3 pontos com regulagem de altura, Comandos de áudio e painel de instrumentos no volante, Computador de Bordo (distância, consumo médio, consumo instantâneo, autonomia, velocidade média e tempo de percurso), Console central com apoio de braço e porta-copos removível, Desembaçador do vidro traseiro com temporizador, Direção elétrica, Drive by Wire (Controle eletrônico de aceleração), ESP (Controle Eletrônico de Estabilidade), Espelho no para-sol lados motorista e passageiro, ESS (Sinalização de frenagem de emergência), Faróis e lanternas em LED, Freio de estacionamento eletrônico com função Auto Hold, Freios ABS com EBD, Função “Follow me Home”, Gancho universal para fixação de cadeira para crianças (ISOFIX), Gear Shift Indicator (Indicador de troca de marcha), HCSS (Sistema de partida a frio sem tanque auxiliar), Hill Holder (Assistente de partida em rampa), TPMS (Monitoramento de pressão dos pneus), Keyless Entry’n Go (chave presencial e partida por botão), Lane Change (Função auxiliar para acionamento das setas indicando trocas de faixa), Limpador e lavador do para-brisa com intermitência, Maçanetas externas na cor do veículo, Modo Sport de condução com botão de acionamento no volante, Paddle Shifters (Aletas para mudança de marcha no volante), Partida Remota via chave, Piloto automático (Cruise Control), Quadro de instrumentos com tela multifuncional de 3,5″, Repetidores de seta laterais em LED, Retrovisor interno eletrocrômico, Retrovisores externos com regulagens elétricas e função tilt down no lado direito, Capas dos retrovisores externos na cor preta brilhante, Rodas de liga leve 17″ diamantadas, Saídas do ar condicionado para os bancos traseiros, Sensores de chuva e crepuscular, Sensores de estacionamento traseiros, TC+ (Bloqueio Eletrônico do Diferencial), Travas elétricas com travamento automático a 20 km/h, Vidros elétricos com função one touch e antiesmagamento (quatro portas), Coluna de direção com regulagem de altura, Volante com revestimento em couro, Wireless Charger (Carregador do Celular por Indução)

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Com 23 anos, está envolvido com o meio automotivo desde que se conhece por gente através do pai, Douglas Mendonça. Trabalha oficialmente com carros desde os 17 anos, tendo começado em 2019, mas bem antes disso já ajudava o pai com matérias e outros trabalhos envolvendo carros, veículos, motores, mecânica e por aí vai. No Carros&Garagem produz as avaliações, notícias, coberturas de lançamentos, novidades, segredos e outros, além de produzir fotos, manter a estética, cuidar da diagramação e ilustração de todo o conteúdo do site.