(Avaliação) Chevrolet S10 High Country tem a tradição e a tecnologia como principais pontos fortes. Vale a pena?

S10 é um dos nomes mais tradicionais quando falamos de caminhonete cabine dupla, e não é para menos: ela é vendida no Brasil há 26 anos, e hoje já acumula mais de 1 milhão de unidades vendidas desde sua estreia, lá em 1995. Em todos esses anos, já tivemos S10 diesel, flex, com motor de quatro cilindros em linha, seis cilindros em V, tração traseira, tração integral, câmbio manual, câmbio automático, cabine simples, cabine estendida, cabine dupla…um leque de opções pra lá de imenso. Essa segunda geração, que é vendida atualmente, chegou em 2012 e, na época, renovou de ponta a ponta a picape da GM, mas será que ela ainda é uma boa escolha?

Essa versão avaliada, a High Country, é a topo de linha do modelo, e não sai por menos de R$252 mil. Ela foi a única a receber um retoque no visual agora na linha 2021, com nova grade, parachoque dianteiro (que melhorou seu ângulo de ataque), e mais alguns detalhes inéditos pela carroceria, como por exemplo a gravatinha da Chevrolet deslocada para o lado, o que dividiu opiniões. No geral, o desenho da S10 ainda agrada bastante, mesmo com seus 9 anos de estrada. O modelo ainda chama a atenção por onde passa, como se fosse novidade, uma prova que as reestilizações estéticas conseguiram driblar bem o peso da idade.

A gravatinha da Chevrolet fora do centro da grade divide opiniões, mas o desenho da S10 ainda agrada bastante no geral (Foto: Lucca Mendonça)

Outra novidade dessa linha 2021 foi a adoção de um novo turbo no consagrado motor 2.8 diesel de quatro cilindros, que já a acompanha há quase uma década. Esse propulsor, que foi concebido pela MWM, tem quatro válvulas por cilindro, comando de válvulas no cabeçote e injeção direta Common Rail. São exatos 200 cv de potência e 51 mkgf de torque (disponíveis a 2 mil rpm), que deixam a S10 na média do segmento no quesito força e desempenho. São 10,5 kg para cada cavalo do motor, e, segundo a GM, o 0 a 100 km/h fica na casa dos 10 segundos. Em nossas medições de consumo, as médias urbanas foram razoáveis (entre 7,5 e 8,5 km/l, dependendo da situação), e na estrada ela chegou a registrar índices de bons 14,1 km/l, sem exigir muito do motor.

O motor 2.8 diesel recebeu novo turbo na linha 2021, e tem bons números de potência e torque (Foto: Lucca Mendonça)

Aliás, falando nisso, a S10 também consegue unir muito bem o lado rústico, de uma legítima caminhonete média, com a agilidade e maciez de um carro de passeio. A vida dentro dos centros urbanos não é tão difícil quanto parece, em que pese seu motorzão com o característico som de “castanholas” e os mais de 5,40 m de comprimento: a direção com assistência elétrica é precisa nas respostas e, na medida do possível, leve para manobras. Além disso, os sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, somados a câmera de ré, ajudam na hora de entrar e sair de vagas.

O conjunto de suspensões, do tipo independente na dianteira e feixe de molas na traseira, é feito pra aguentar a tonelada de sua capacidade de carga, mas consegue oferecer certo conforto ao rodar, principalmente quando a caçamba está carregada. O “pula-pula”, claro, é garantido, mas a S10 fica longe de ser a mais desconfortável do segmento.

O que desaponta é a ausência de algumas coisas simples, como um ajuste de profundidade da coluna de direção, segunda zona do ar-condicionado, painel de instrumentos mais sofisticado, saídas de ventilação para os passageiros traseiros, e, por que não, um sistema de carregador de celular sem fio, que já é oferecido até no Onix. A chave do tipo canivete, com ignição tradicional, também poderia dar lugar a um sistema presencial, com destravamento das portas por aproximação e botão para acionar o motor. Ao menos, ela traz a prática função de partida remota, que é ativada pressionando um botão na própria chave.

A direção elétrica facilita nas manobras e é precisa nas respostas, mas falta um ajuste de profundidade da coluna de direção (Foto: Lucca Mendonça)

Em contrapartida, se de um lado ela desaponta, do outro são só elogios. A recheada lista de equipamentos de segurança, tanto passivos quanto ativos, dão um show à parte. São 6 airbags (dois frontais, dois laterais e dois de cortina), alerta de colisão frontal, frenagem autônoma de emergência, alerta de saída de faixa, monitor de pressão dos pneus (TPMS), além dos tradicionais controles eletrônicos de estabilidade (ESP) e tração (ASR), e do assistente de partida em rampas (Hill Holder). Ela é uma das únicas da categoria a trazer um pacote de assistência à direção tão completo, digno de carro premium.

Foto: Lucca Mendonça

Mas o que importa mesmo em uma caminhonete é o tamanho de sua caçamba e o máximo de peso que ela pode carregar, e no caso da S10, ela novamente fica na média do segmento. São bons 1,48 m de comprimento (com a tampa fechada), 1,53 m de largura e 58 cm de altura. Lembrando que o compartimento da High Country é 12 cm mais alto que o das demais versões, graças ao Santo Antônio exclusivo, que é embutido na carroceria. Falando em capacidades, são 1.049 kg de carga máxima permitida, e sua caçamba acomoda 1.061 litros no total. A tampa do compartimento de carga conta ainda com um amortecedor que facilita bastante o abre e fecha, deixando a operação bem leve e prática, como a de um porta-malas de carro convencional.

A caçamba da High Country é mais alta que a das demais versões. Ponto positivo para a tampa com amortecedor, o que facilita o abre e fecha (Foto: Lucca Mendonça)

Sem opcionais disponíveis, ela custa exatos R$252.290, e a pintura metálica é cobrada a parte, por R$1.900. Banco do motorista com ajustes elétricos, retrovisor interno fotocrômico, DRL e lanternas traseiras em LED (faróis e luzes de neblina, infelizmente, ficam de fora), controle de velocidade em descidas, sensores de chuva e crepuscular, multimídia de 8” com conexões Android Auto e Apple CarPlay e rodas de liga-leve diamantadas aro 18 são alguns dos destaques na lista de itens de série. Temos ainda o sistema de concierge OnStar, exclusivo da Chevrolet, e a boa internet 4G a bordo, fornecida pela Claro, oferecidos gratuitamente por 1 ano. Depois disso, só assinando um plano e pagando mensalmente.

E aí, é uma boa compra?

Foto: Lucca Mendonça

Sem dúvidas é uma das melhores opções dentro do segmento das picapes média com cabine dupla. Em questão de preço e conteúdo, ela briga com as versões intermediárias de suas principais concorrentes: Toyota Hilux SRV de R$250 mil, Ford Ranger XLT de R$246 mil e Mitsubishi L200 Triton Sport HPE de R$245 mil. Ou seja, a Chevrolet é a única nessa faixa de preço a oferecer equipamentos mais refinados como, por exemplo, o pacote de assistência à condução (alerta de colisão, frenagem autônoma de emergência, alerta de saída de faixa etc.). Além disso, a High Country é a configuração topo de linha, e não uma intermediária, o que ajuda na hora da revenda.

Ela comete alguns pecados e deixa de oferecer coisas simples, o que desaponta quando pensamos no seu valor de tabela, mas compensa com bastante tecnologia inédita e alguns itens exclusivos. No geral, é um bom equilíbrio. Para quem não quer a exclusividade dessa grife High Country, existe ainda a tradicional LTZ 4×4, que oferece uma lista de equipamentos parecida e custa cerca de R$10 mil a menos, mas aí já é outra história, para outra avaliação…

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Com 22 anos, está envolvido com o meio automotivo desde que se conhece por gente através do pai, Douglas Mendonça. Trabalha oficialmente com carros desde os 17 anos, tendo começado em 2019, mas bem antes disso já ajudava o pai com matérias e outros trabalhos envolvendo carros, veículos, motores, mecânica e por aí vai. No Carros&Garagem produz as avaliações, notícias, coberturas de lançamentos, novidades, segredos e outros, além de produzir fotos, manter a estética, cuidar da diagramação e ilustração de todo o conteúdo do site.