(Avaliação) Chevrolet Montana RS troca a esportividade pela beleza
A Chevrolet sempre capricha no visual da sua linha esportivada RS: difícil um carro que fique feio com essa roupagem mais apimentada, decorada com black piano, rodas com acabamento especial e os tradicionais emblemas escurecidos. A Montana, que para muitos não é sinônimo de beleza, foi uma das últimas “agraciadas” com essa versão, e ficou bonita por R$158,5 mil. Diferente da estratégia do Tracker RS, que é baseado na intermediária LTZ, e por isso fica devendo em equipamentos, a picape com visual apimentado é, por baixo, uma topo de linha Premier. Por isso traz tudo que tem direito, e até mais um pouco.
E chama a atenção por onde passa, ainda mais com alguns acessórios instalados, caso do carro avaliado (capota com cobertura rígida de acionamento elétrico, faróis de neblina em LED, estribo lateral cromado, ponteira de escape destacada, parachoque com extensor plástico, entre outros). Assim, enfeitada, mas com certo viés sport, lembra a rival Fiat Strada Ultra.
A Montana RS não tem nada de diferente na mecânica, como recalibração do câmbio ou mudanças eletrônicas de gestão do motor. É o mesmo 1.2 turboflex, com seus três cilindros em linha e doze válvulas, conhecido pela suavidade de funcionamento e por ser forte sem precisar se esforçar (tem bom torque em baixas rotações). São 132/133 cv de potência e torque que varia entre 19,4 e 21,4 mkgf, de acordo com o combustível que estiver no tanque. A transmissão é a esperta automática de seis marchas, caixa GF6, que aqui na picape tem a característica do freio-motor acentuado nas descidas, especialmente com maior peso a bordo.
O bom desempenho nas arrancadas e baixas ou médias velocidades é mérito do 1.2 turbo, que também consegue ótimas médias de consumo (sem pressa, mais de 12 km/l na cidade e 16,5 km/l na estrada, com gasolina). Porém, ele e a transmissão parecem “discutir” em alguns momentos. Na estrada, por exemplo, são constantes as mudanças entre 5ª ou 6ª: a caixa parece querer subir marcha em prol de silêncio e economia, mas o motor não concorda e pede redução. Em algumas subidas íngremes de baixa velocidade, a dúvida ficava entre manter a primeira ou engatar a segunda, que por algumas vezes entrava, mas em seguida dava lugar à primeira novamente.
De qualquer forma, mesmo que o motorista não consiga “se meter” nessas indecisões, vale mencionar a esperteza do câmbio GF6 nos momentos de redução e quando se pede maior desempenho, ainda mais quando se mantém uma tocada “esportiva” (pé mais pesado). E o turbolag do 1.2 turbo é pequeno, o que significa respostas mais vivas e rápidas ao comando do acelerador. Mas, vale lembrar: dada a diferença significativa de torque entre o uso dos dois combustíveis (2 mkgf), na hora de abastecer vale ponderar se vale mais a pena priorizar as maiores médias de consumo (gasolina) ou o melhor desempenho (etanol). Em 600 km rodados com a picape mesclando os dois combustíveis, ficou clara a maior força garantida pelo combustível de cana, apesar dela gastar mais.
Além da direção bem acertada, permitindo maciez nas manobras, precisão nas maiores velocidades e um conforto geral elogiável, faz parte do “combo” da picape esportivada um sistema de suspensões bem parecido com o do SUV Tracker, do qual ela deriva. Isso significa um comportamento estável e seguro nas curvas, com estabilidade direcional nas velocidades de cruzeiro e boa absorção dos impactos da buraqueira, lombadas, valetas e por aí vai. Só é durinha, então a Montana não é a picape mais confortável do segmento.
Mas, numa picape, isso vale mais como característica do que como ponto negativo, até porque ela nasceu para carregar carga: até 600 kg na caçamba de pouco menos de 900 litros, espaço que se beneficia mais pela altura do que comprimento ou largura. Ao menos numa situação em que ela levará bastante carga, um conjunto de suspensões endurecidas é vantajoso, mas, até pela qualidade de isolamento contra poeira e água que o compartimento oferece, é mais fácil que a caçamba da Montana sirva de porta-malas no dia a dia.
O espaço interno não é um ponto forte. Apesar da cabine bonita como a carroceria, apostando no painel revestido de material macio perfurado, costuras vermelhas, bancos RS e todo o conteúdo de série de uma Montana top de linha, quem viaja atrás vai apertado na picape: há um vão pequeno entre os bancos dianteiros e traseiro, e a largura da cabine não permite mais de dois adultos com conforto na segunda fileira. Sem contar que o encosto ali tem pouquíssima inclinação, como em picapes maiores. Não tem jeito: no caso de uma viagem com quatro pessoas altas, o aperto será certo. Ao menos, atrás há tomada 12V e duas USB.
Caso não vá ninguém grande na segunda fileira, a situação melhora: os bancos dianteiros são confortáveis e altinhos, emprestados do Tracker, garantindo uma posição de guiar elevada e ereta, ainda com um palmo de distância até chegar no teto (motorista com 1,87 m de altura). Uma coisa é fato: a cabine da Montana é bem alta, o que se traduz em janelas e parabrisa de bom tamanho, dois facilitadores na hora de manobrar ou mesmo conduzir. Pena que o acabamento interno não tenha muito esmero na montagem e encaixe das peças, já que os materiais são bons.
E o carro tem bastante coisa bacana a oferecer, a exemplo do ar digital automático, faróis em LED com acendimento automático, apoio de braço dianteiro (pequeno, mas valoroso), carregador de celular sem fio, bancos forrados em couro sintético, rodas de liga-leve diamantadas, multimídia de 8” com operação fácil, internet 4G a bordo, concierge OnStar, chave presencial, piloto automático, monitor de ponto-cego, sensores de ré, câmera de ré, 6 airbags e por aí vai. Se a emoção de ter uma picape esportivada fala mais alto, sem perder a praticidade da caçamba e das quatro portas, a pedida é boa! Só não pode querer o espaço interno de um Tracker…
Ficha técnica:
Concepção de motor: 1.199 cm³, flex, três cilindros, 12 válvulas (quatro por cilindro), turbo, injeção indireta de combustível, duplo comando de válvulas, variador de fase na admissão e escape, bloco e cabeçote em alumínio |
Transmissão: automática com 6 velocidades, sem opção de trocas manuais |
Potência: 132 cv/133 cv a 5.500 rpm (gasolina/etanol) |
Torque: 19,4 mkgf/21,4 mkgf entre 2.000 e 4.000 rpm (gasolina/etanol) |
Suspensão dianteira: independente, do tipo McPherson, com barra estabilizadora |
Suspensão traseira: eixo de torção com molas helicoidais |
Direção: com assistência elétrica progressiva |
Freios: discos ventilados na dianteira e tambores na traseira |
Pneus e rodas: Michelin Primacy 4+, medidas 215/55 e rodas de liga-leve aro 17 |
Dimensões (comprimento/largura/altura/entre-eixos): 4,72 m/1,80 m/1,66 m/2,80 m |
Caçamba: 874 litros
Capacidade de carga: 600 kg |
Tanque de combustível: 44 litros |
Peso em ordem de marcha: 1.310 kg |
Aceleração 0 a 100 km/h: 10,1 segundos |
Velocidade máxima: 180 km/h (limitada eletronicamente) |
Preço básico: R$158.550 |
Itens de série:
06 Airbags (duplo frontal, duplo laterais e duplo de cortina), Alarme Anti-furto, Alerta de Ponto Cego, Aviso sonoro do cinto de segurança dianteiro e traseiro, Brake Light, Cintos de segurança do motorista com ajuste de altura, Cintos de segurança dianteiros com pré-tensionadores, Controle eletrônico de estabilidade e tração (ESC), Faróis dianteiros tipo projetor em LED com luz auxiliar para manobras, Ganchos de ancoragem para cadeiras de crianças no padrão ISOFIX e TOP TETHER, Indicador de nível de vida de óleo, Luz de condução diurna / Luz de posição em LED, Regulagem de altura dos faróis, Sistema de freios com ABS, sistema de distribuição de frenagem (“EBD”) e assistência de frenagem de urgência (“PBA”), Sistema de imobilização do motor, Sistema de monitoramento de pressão dos pneus, Maçanetas externas na cor do veículo, Maçanetas internas cromadas, Rack de Teto na cor preta brilhante, Roda de alumínio aro 17″ com design exclusivo para a versão RS e pintura diamantada, Volante com revestimento premium, Acendimento automático dos faróis através de sensor crepuscular, Alças de teto dianteiras e traseiras, Ar-condicionado digital automático, Assistente de partida em aclive, Câmera de ré, Carregador Wireless, Chave presencial com sensor de aproximação, Caçamba com revestimento plástico, Coluna de direção com regulagem em altura e profundidade, Computador de bordo, Console central com descansa-braço, Piloto automático com limitador de velocidade, Controles do rádio e telefone no volante, Desembaçador do vidro traseiro, Direção Elétrica Progressiva, Easy Start – Partida sem chave, Espelhos retrovisores externos elétricos com capas em preto brilhante, Luz de cortesia na caçamba, Luzes de leitura dianteira e traseira, Porta-revista na parte traseira do encosto do banco do passageiro, Sensor de chuva com ajuste automático de intensidade, Sensor de estacionamento traseiro, Luzes com função follow-me, portas USB traseiras, Trava elétrica das portas com acionamento na chave, Vidro elétrico nas portas dianteiras e traseiras com acionamento por “um toque”, antiesmagamento e fechamento/abertura automática pela chave, Bancos com revestimento premium na cor Preto “Jet Black” e decoração RS, Banco do motorista com regulagem de altura, Antena de teto, Chevrolet MyLink, com Tela LCD sensível ao toque de 8″, integração com smartphones através do Android Auto e Apple CarPlay, Radio AM/FM, Bluetooth para até 2 celulares simultaneamente e Entrada USB, 4 alto-falantes e 2 tweeters dianteiros, Wi-Fi 4G embarcado no veículo para até 7 dispositivos eletrônicos, Acabamento interno em Preto “Jet Black”, santantônio exclusivo RS, grade dianteira tipo colméia com pintura preta brilhante