(Avaliação) BYD Song Plus DM-i se garante só com gasolina? Testamos!
O Song Plus, além de ser o BYD mais vendido da história da marca no Brasil, ainda foi o primeiro modelo deles a trazer um motor que queima gasolina debaixo do capô. Mas, na realidade, esse SUV médio é um híbrido plug-in, daqueles que conseguem sua maior eficiência energética quando as baterias estão carregadas. E, para isso, é preciso plugá-las em wallboxes, eletropostos ou até em tomadas residenciais de 220V, ou então deixar que o carro trabalhe “no automático”, como um híbrido convencional, daqueles que não permitem recargas externas.
O SUV, aliás, recebeu alguns reforços nos equipamentos e no tamanho das baterias na linha 2025. Seu preço subiu um pouco (agora são R$240 mil) e o alcance elétrico ampliou bastante: antes, com 8,8 kWh de capacidade, ele rendia cerca de 50 km como elétrico, e hoje, com 18,3 kWh, é fácil passar dos 100 km rodados sem gastar uma gota sequer de gasolina na cidade. Se for viajar, na estrada ele rende menos: com uma carga completa das baterias, foi possível sair de São Paulo e chegar perto de Sorocaba (interior) sem que o motor a combustão fosse ligado, o que significa algo ao redor dos 75 km. Sem pressa, claro.
1.5 gerador, elétrico tracionador
Geralmente, o Song Plus permite “gastar” as baterias até pouco menos de 20% pelo modo de condução totalmente elétrico. Abaixo disso, sozinho, ele passa a ligar o pequeno e silencioso 1.5 16v a gasolina, que serve principalmente como gerador (modo HEV). Pudera, com seus 105 cv de potência, o propulsor a combustão não tem pique suficiente para mover os quase 1.800 kg do carro, por isso serve como um adicional de força quando o motorista exige máxima performance, ou, na maioria das vezes, trabalha em marcha-lenta fornecendo carga para as baterias de tração.
O “manda-chuva” é mesmo o motor elétrico de quase 200 cv e 33 mkgf de torque imediato, que trabalha jogando sua força para as rodas dianteiras o tempo inteiro. Incluindo a transmissão automática que se aproxima de um tipo CVT, esse é um conjunto de respeito: faz o Song Plus andar muitíssimo bem (o tanto quanto um esportivo como Renault Sandero R.S. ou um VW Polo GTS), com extremo silêncio e suavidade (inclusive na partida do 1.5 a gasolina, imperceptível) e, claro, bastante economia de combustível, como esperado em um híbrido. Mas será que dá para usar o Song Plus sem se preocupar com a recarga das baterias?
Teste prático
Dos sete dias de teste e mais de 660 km percorridos com o SUV da BYD, seis deles e 575 km foram com carga baixa nas baterias. Elas não chegam a zerar, afinal o 1.5 16v trabalha para carregá-las, mantendo sempre ao redor dos 20%. Porém, nesse nível, o carro já não consegue rodar no modo 100% elétrico, então queima gasolina com mais frequência, o que é totalmente normal nos híbridos plug-in. Como vantagem, o motor a combustão é pequeno, não muito potente e opera no ciclo Atkinson, então, sozinho, ele já bebe pouquíssimo combustível líquido. De quebra, o tanque é grande como o de qualquer SUV médio convencional. Bacana!
Apesar de seu computador de bordo ter a limitação de só registrar os dados de consumo médio dos últimos 50 km percorridos, através dele dá para saber algumas informações legais, como a distância total percorrida queimando gasolina ou consumindo eletricidade (separadamente), quantos litros de combustível ele queimou durante um determinado trecho, além do consumo médio separando gasolina e eletricidade.
Com base nesse último, já com a carga baixa nas baterias, foi possível chegar a 16,7 km/l na estrada, ou então passar dos 19,5 km/l na cidade, aproveitando as vantagens do modo Eco de condução e sua (fraca) regeneração de energia em frenagens e desacelerações. Se as baterias forem mantidas com carga, dá para chegar perto dos 22 km/l no trecho urbano.
Se vira sem carga
Ou seja, sim, o Song Plus é um híbrido plug-in que consegue se virar bem mesmo quando trabalha com pouca carga nas baterias, sendo econômico e tendo boa autonomia. Conosco nos mais de 660 km, ele consumiu cerca de 31 litros de gasolina, o que equivale a um pouco mais de meio tanque, enquanto no painel ainda constavam 420 km de autonomia total. Nessa toada, seria possível rodar 1.100 km com 1 tanque cheio + 1 carga completa no SUV médio. Não é muito inferior ao que promete a BYD (ao redor dos 1.200 km). Vai longe, bem longe…
O carro…
Saindo um pouco da seara de consumo, autonomia, gasolina, eletricidade e quilometragem, esse Song Plus DM-i conquista. Como bom SUV chinês que é, tem espaço interno surpreende com uma folga para cinco ocupantes, belos vãos para pernas e cabeças, sem contar os 574 litros de porta-malas, disparado um dos mais generosos da categoria. Além do latifúndio interno, outra coisa que chama a atenção nesse BYD é o acerto preciso das molas e amortecedores, macios para deixar o rodar bem suave e confortável. O conjunto mostra robustez e bravura para enfrentar nosso piso esburacado: não bate seco, nem faz barulho, e o curso longo evita o chamado “fim de curso” nos momentos críticos.
Por mais que não tenha tração integral, a dinâmica e o comportamento do Song em curvas rápidas ou desvios bruscos de trajetória garantem segurança: ele é na mão, com carroceria que não inclina muito nem rola excessivamente, evitando sustos inclusive com os motoristas mais presunçosos ao volante. A concepção que inclui suspensões independentes nas quatro rodas e eixo traseiro multibraço contribuem para esse bom resultado. Mas, ainda assim, é um típico SUV, com centro de gravidade elevado, grande altura do solo e proposta pouco esportiva.
O motorista não se senta tão alto, mas seu posto de condução também passa longe de ser baixo. Graças a multimídia ainda maior da linha 2025 (15,6”), está mais fácil comandar e visualizar as informações do ar-condicionado, navegador GPS, rádio e por aí vai, da mesma forma que o painel de instrumentos, bem colorido, mostra tudo que é necessário. Porém, pelo tamanho do carro, esperava-se um par de bancos dianteiros maiores: esses são baixos e estreitos para ocupantes grandes (com 1,87 m, ficava com o topo do encosto fixo na altura da minha nuca). E ele também fica devendo o ajuste de lombar, principalmente para o motorista.
Capricho e praticidade
Em contrapartida, falamos de um carro caprichado, com excelente nível de acabamento interno, muitos materiais de primeira qualidade na cabine e um monte de “luxos” de série nessa configuração única. Teto-solar panorâmico com cortina que se fecha sozinha após estacionar sob o sol, apps integrados na multimídia (Spotify, por exemplo), uma série de assistentes inteligentes de condução (alguns com avisos insistentes e até desnecessários, mas desativáveis pela multimídia), controles do carro por comandos de voz, tampa do porta-malas com abertura/fechamento elétricos, câmera 360º 3D, banco traseiro com ângulo do encosto regulável…todo o conteúdo de série você vê mais pra baixo.
É fácil dirigi-lo, ainda mais com todos os sensores, alertas, radares e câmeras ao redor do carro, enquanto a engenharia da BYD também se preocupou em uma relação de direção que permite praticidade mesmo nas manobras apertadas. O Song Plus tem como um dos principais destaques o pequeno raio de giro, vale lembrar. E para quem quer se misturar na multidão, ou chamar pouca atenção no uso diário, ele é um SUV discreto e muito comum nos centros urbanos: numa voltinha de 20 minutos, avistamos dois, incluindo um 2025, igual ao avaliado.
1 milhão deles
A BYD diz que já produziu mais de 1 milhão deles na China desde o lançamento em 2021, ou seja, tem Song Plus sobrando pelo mundo inteiro. Enquanto isso o brasileiro parece ter gostado bastante do SUV, tanto que hoje ele é o eletrificado que mais vende por aqui: em agosto último foram mais de 2.500 unidades emplacadas, passando todos os outros híbridos plug-in, os híbridos convencionais e os 100% elétricos. Querendo ou não, gostando ou torcendo o nariz, um sucesso…
Ficha técnica:
Concepção de motor: 1.498 cm³, gasolina, quatro cilindros, 16 válvulas (quatro por cilindro), aspiração natural, injeção indireta, duplo comando de válvulas, variador de fase na admissão, bloco e cabeçote em alumínio + motor elétrico acoplado e conjunto motor de arranque/alternador. Baterias de íon-lítio com 18,3 kWh de capacidade. |
Carregamento: entrada tipo 2, via eletropostos, wallbox ou tomadas residenciais, com duração mínima de 3 horas. Regeneração de energia durante condução. |
Transmissão: automática tipo CVT (planetária + duas engrenagens) |
Potência: 235 cv (combinada combustão + eletricidade) |
Torque: 40,8 mkgf (combinado combustão + eletricidade) |
Suspensão dianteira: independente, McPherson, com barra estabilizadora |
Suspensão traseira: independente, multilink, com barra estabilizadora |
Direção: com assistência elétrica progressiva |
Freios: discos ventilados na dianteira e discos sólidos na traseira |
Pneus e rodas: Giti Comfort 225 V1, medidas 235/50 e rodas de liga-leve aro 19 |
Dimensões (comprimento/largura/altura/entre-eixos): 4,70 m/1,89 m/1,68 m/2,76 m |
Porta-malas: 574 litros |
Tanque de combustível: 55 litros |
Peso em ordem de marcha: 1.790 kg |
Aceleração 0 a 100 km/h: 8,3 segundos |
Velocidade máxima: 170 km/h (limitada eletronicamente) |
Preço básico: R$239.800 |
Itens de série:
Teto solar elétrico panorâmico com antiesmagamento, Amortecedor pneumático do capô, Antena Shark, Abertura e fechamento elétricos do porta-malas, Faróis Full Led Crystal Diamond, Faróis inteligentes (comutação automática de luz alta), Função Follow me Home, Sensor crepuscular, Luzes indicadoras de direção dinâmicas traseiras, Luz de neblina traseira, Lanterna traseira em LED, Iluminação ambiente em LED configurável (cor e intensidade), Luzes de leitura em LED com acionamento touch, Volante multifuncional, Painel de instrumentos TFT HD personalizável de 12.3″, Recarregamento wireless de celular, Cortina de teto retrátil, Apoio de braço central com 2 porta-copos, Tomada 12V, Bancos dianteiros com aquecimento e ventilação, Bancos com revestimento premium, Ajustes elétricos dos bancos do motorista e passageiro da frente, Encosto do banco traseiro com ajuste reclinável, Sistema ISOFIX de fixação de cadeira infantil, Direção elétrica com intensidade regulável, Freio de estacionamento elétrico (EPB), Função Auto Hold, Modos de condução – Eco, Normal e Sport, Keyless (abertura/fechamento e partida remotos), 6 Airbags, Aviso do uso de cinto de segurança (todos os assentos), Sensor de pressão dos pneus (TPMS), Freios ABS, Controle de estabilidade (ESP), Controle de tração (TCS), Sistema eletrônico anticapotamento (RMI), Controle dinâmico do veículo (VDC), Piloto automático adaptativo inteligente (ACC + stop n’ go), Alerta de colisão frontal (FCW), Frenagem automática de emergência (AEB), Assistente de mudança de faixa (LCA), Assistente de permanência em faixa (LKA), Detector de ponto cego (BSD), Sistema de detecção para abertura de portas (DOW), Assistente de descida (HDC), Freios regenerativos inteligentes, Assistente de partida em rampa (HHC), Sensores de estacionamento frontais e traseiros, Retrovisores externos elétricos rebatíveis com aquecimento, Retrovisor interno fotocrômico, Função NFC (travamento, destravamento e partida por aproximação do celular), 4 entradas USB (2 dianteiras + 2 traseiras), Câmera 360° 3D, Otimização de som premium Dirac 9 alto-falantes, Multimídia flutuante de 15,6″ e rotação elétrica da tela, Função de esterilização do ar da cabine, Saída de ar para os bancos traseiros, Ar-condicionado automático dual zone, Rodas de liga-leve diamantadas aro 19, Freios a disco nas quatro rodas