(Avaliação) Audi A4 Performance Black prova que tecnologia nunca é demais

O carro mais vendido da Audi no mundo? Quem pensou no A3, errou. Esse título vai para o sedan A4, que desde o lançamento da sua primeira geração, lá em 1994, já vendeu nada menos que 8 milhões de unidades. No Brasil, ele chegou em meados da década de 90, e sempre fez relativo sucesso no segmento dos sedans médios de luxo, concorrendo com BMW Série 3 e Mercedes-Benz Classe C, principalmente. Um carro maduro, mais do que consagrado com seus 27 anos de história.

Foto: Lucca Mendonça

Essa quinta geração, vendida atualmente e atualizada no início de 2021, investe pesado nos recursos tecnológicos, em prol do conforto, segurança e, principalmente, economia de combustível. Seu powertrain é bem próximo ao do VW Jetta GLI (veja a avaliação dele aqui), graças ao compartilhamento de componentes dentro do grupo que engloba Audi e Volkswagen. O motor é o excelente 2.0 TFSI movido a gasolina da família EA-888, dotado de duplo comando de válvulas variável, injeção direta e turbo. A diferença é que no Audi, ele entrega saudáveis 249 cv e 37,7 mkgf de torque, progressivos entre 1.600 e 4.500 rpm. A transmissão do Audi é também automatizada de dupla embreagem, mas com 7 velocidades (chamada de S-Tronic).

É um conjunto bastante aprimorado, repleto de modernidades, como se espera de um carro premium. E como estamos falando de quase 250 cv e 38 mkgf de torque em um sedan médio, o desempenho desse A4 é pra lá de interessante. Tudo bem que seus 1.660 kg não são poucos, mas, mesmo assim, ele consegue atingir os 100 km/h partindo da imobilidade em menos de 6 segundos. A velocidade máxima segue o padrão dos carros europeus: limitada eletronicamente em 250 km/h, segundo dados da própria fabricante.

Seu 2.0 turbo é praticamente o mesmo que equipa o VW Jetta GLI, o que deixa o lado esportivo desse A4 bem aparente (Foto: Lucca Mendonça)

Acreditem, esse visual tradicional e pacato, cheio de recortes retos e linhas limpas, disfarça muito bem seu lado nervoso: colocando o seletor de modos de condução no Dynamic, que aprimora vários aspectos do carro para melhorar o desempenho, ele se transforma em um esportivo de verdade. O pedal do acelerador fica mais sensível e imediato no comando, e a transmissão de dupla embreagem, que já tem a agilidade no seu DNA, se torna ainda mais rápida nas trocas. Além disso, a direção elétrica fica mais rígida e precisa nas respostas. Ele anda mais que seu “primo” Jetta GLI, mas não espere aquele mesmo ronco grave das acelerações do VW: apesar de tudo, o A4, querendo ou não, ainda é um sedan de luxo potente, e não um esportivo.

Outro ponto de destaque desse sedan alemão é a exclusiva tração integral sob demanda, a famosa Audi Quattro, que equipa diversos outros modelos da marca. Ela opera de forma totalmente autônoma, e distribui a força do motor entre o eixo dianteiro e traseiro de acordo com a situação que o carro se encontra. E, claro, com as quatro rodas motrizes, o A4 se torna um carro totalmente estável e no chão, contornando até as curvas mais rápidas como se estivesse sobre trilhos. É a tecnologia se mostrando presente, mais uma vez.

Foto: Lucca Mendonça

Lembra que falamos de economia de combustível? Pois é, e aqui esse três volumes dá outro show. Além do sistema Start&Stop, que desliga o motor em paradas rápidas, ele ainda tem uma tecnologia não tão moderna assim, mas ainda muito útil: a conhecida roda-livre, que desacopla a embreagem em declives quando se tira o pé do acelerador, deixando o câmbio em ponto-morto. Mas não para por aí, afinal esse A4 ainda tem outra carta na manga para poupar gasolina: junto com a roda-livre, nas descidas ele também pode desligar totalmente o propulsor dependendo da situação, e, aí, ele deixa de gastar pouco e passa a não gastar nada. Maravilha!

Foto: Lucca Mendonça

Em nossas medições, ele completou o circuito urbano com 12,4 km/l de gasolina registrados no computador de bordo, enquanto no trecho rodoviário ele bateu a marca dos 19,5 km/l de gasolina. Seu tanque de combustível nem é tão grande assim (58 litros, um pouco maior que o de um VW Gol), mas com essas médias de consumo, é fácil conseguir 800 km de alcance, no mínimo.

Depois de tantos elogios e méritos, algumas coisas deixam a desejar nesse Audi: estamos falando do espaço interno e, principalmente, capacidade do porta-malas. Não que ele seja apertado por dentro, mas, para um sedan médio, falta. Colocar uma pessoa no meio do banco traseiro é complicado, culpa do túnel altíssimo e do console longo, ou seja, ele comporta confortavelmente duas pessoas na frente e outras duas atrás, nada além disso. As portas traseiras, apesar do ótimo ângulo de abertura, são pequenas e tem recorte inclinado, e, por último, as caixas de ar também são altas, o que pode dificultar bastante o entra e sai. O bagageiro comporta apenas 460 litros, em que pese a boa abertura da tampa. Um dos culpados desse tamanho limitado são as dobradiças do tipo “pescoço de ganso”, que ficaram escondidas sob as paredes laterais do porta-malas. Se elas dessem lugar às alças pantográficas, o problema provavelmente estaria resolvido, ou quase isso.

No meio do banco traseiro é praticamente impossível colocar alguém. Pelo menos ele traz um monte de mordomias para os passageiros de trás (Foto: Lucca Mendonça)

Mesmo assim, não podemos deixar de lembrar dos ótimos 2,82 m de distância entre-eixos e 1,84 m de largura, que garantem folga para os ombros e pernas de todos os quatro ocupantes. O que agrada bastante é a terceira zona do ar-condicionado na segunda fileira de bancos, onde os passageiros de trás podem escolher a temperatura que desejarem, independente dos controles do painel. Isso somado as saídas de ventilação, apoio de braço central, o par de porta USB para carregar celular e a tomada 12 volts, podemos falar que quem vai no banco traseiro do A4 está bem servido quando o assunto é comodidade.

Conforto também é um dos pontos fortes do modelo, com boa calibração dos sistemas de suspensões e um rodar suave. Para completar, a fixação do eixo traseiro é do tipo multilink, o que reforça ainda mais a maciez e boa absorção das irregularidades do piso. Ele sofre um pouco com o solo lunar brasileiro, assim como a maioria de seus concorrentes, mas até aí nenhuma novidade. Mesmo assim, o conjunto parece ser robusto e duradouro, aguentando as pancadas secas de buracos e valetas sem reclamar muito. Fora isso, se destacam também os bancos anatômicos e confortáveis, além de um isolamento acústico caprichado, que absorve com perfeição os ruídos de rodagem.

Os bancos são anatômicos e bem confortáveis. Na dianteira, ajustes elétricos com memória para motorista e passageiro (Foto: Lucca Mendonça)

Depois de tanta coisa boa, fica aquela dúvida clássica: “quanto ele custa?”. Como estamos falando da versão topo de linha Performance Black, a mais completa e refinada, temos um carro mais do que repleto de itens de série e conteúdos variados. Mesmo assim, seu preço assusta um pouco à primeira vista: R$325 mil (324.990, sendo mais preciso), o que é caro, mas fica dentro dos valores pedidos pela concorrência.

Óbvio que, para se tornar atraente, ele oferece equipamentos como ar-condicionado digital automático tri-zone, bancos dianteiros com ajustes elétricos e memorização de posição (uma pena não terem função de resfriamento/aquecimento), retrovisor interno fotocrômico borderless, carregador de celular sem fio, painel de instrumentos digital Audi Virtual Cockpit de 12,3”, multimídia de 10,1” com navegador 3D e conexões Android Auto/Apple CarPlay, chave presencial para destravamento das portas e partida do motor, conjunto óptico full-LED (faróis, luzes de neblina e lanternas traseiras), sensores de chuva e crepuscular, controle de cruzeiro adaptativo (ACC), sistema Park Assist, alerta de saída de faixa, teto-solar panorâmico, 7 airbags (dois frontais, dois laterais, dois de cortina e um de joelho para o motorista), rodas de liga-leve diamantadas aro 18, entre outros.

O excelente sistema de som Bang&Olufsen com 19 alto-falantes é um item opcional (Foto: Lucca Mendonça)

E se você quiser mais, ele ainda pode ser equipado com head-up display, sistema de som Bang&Olufsen 3D com 19 alto-falantes e 755 watts de potência, faróis full-LED com função Matrix, além de um belo pacote de assistência à condução (alerta de colisão frontal e traseira, frenagem autônoma de emergência, monitor de ponto cego e alerta de tráfego cruzado traseiro), todos opcionais a parte.

Definitivamente, o A4 é um dos carros mais modernos dentro da linha da Audi. Ele não é barato, mas, pelo tanto de conteúdo que entrega, pode ser um excelente negócio no segmento dos sedans médios de luxo. Querendo ou não, esse A4 Performance Black é a prova que tecnologia nunca é demais no mundo dos automóveis.

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Com 22 anos, está envolvido com o meio automotivo desde que se conhece por gente através do pai, Douglas Mendonça. Trabalha oficialmente com carros desde os 17 anos, tendo começado em 2019, mas bem antes disso já ajudava o pai com matérias e outros trabalhos envolvendo carros, veículos, motores, mecânica e por aí vai. No Carros&Garagem produz as avaliações, notícias, coberturas de lançamentos, novidades, segredos e outros, além de produzir fotos, manter a estética, cuidar da diagramação e ilustração de todo o conteúdo do site.