Audi A3: 25 anos do carro que mudou a marca alemã no Brasil (Parte 1)

Agora em 2022, o Audi A3 aniversaria no mercado nacional: são 25 anos, quatro gerações e o pioneirismo de muita tecnologia lançada no Brasil. O A3 é o que hoje pode ser considerado um queridinho e sonho de consumo dos brasileiros que curtem carros e o mundo automotivo.

A primeira geração do A3, sob o codinome de Type 8L e estreando a plataforma PQ34, começou a ser pensada e desenhada por Peter Schreyer na Alemanha ainda em 1993. A ideia era a de aproveitar a robustez e a confiabilidade mecânica que o VW Golf construiu por décadas unido a um design exclusivo que só os carros da Audi eram capazes de ter.

A ideia era aproveitar o sucesso do VW Golf, que ganharia nova geração nos próximos anos. Na prática, o Audi chegou antes (Foto: VW/divulgação)

Em um tempo recorde de apenas dois anos, para ser mais exato em 18 de setembro de 1995, começavam a sair das linhas de montagem as primeiras unidades do primeiro hatch da Audi em quase 20 anos. Um carro compacto, oferecido apenas na esportiva carroceria de duas portas, de design exclusivo e com mecânica toda baseada naquela da quarta geração do Golf, que chegaria só em 1997.

Na estreia, o A3 só tinha duas portas na carroceria e design que remetia a algo mais esportivo (Foto: Audi/divulgação)

Um de seus motores a gasolina, exclusivo, tinha 1.8 litro que desenvolvia 125 cv na versão aspirada e chegava aos 150 cv na versão turboalimentada, ambos também graças as 5 válvulas por cilindro, uma tecnologia utilizada em larga escala nos motores da Fórmula 1. Havia também um 1.6 8 válvulas para as versões mais baratas, com cerca de 100 cv, além de outros a diesel. Na transmissão, sempre uma caixa manual bem escalonada com 5 marchas, realçando a esportividade.

Com o início de sua comercialização europeia ainda em 1996, essa nova jóia rara da Audi chegou ao mercado nacional no início do ano seguinte, há 25 anos. Começava aí uma história de sucesso junto aos brasileiros.

Com proposta jovial e esportiva, o A3 era inicialmente importado para o Brasil pela Senna Import, na época representante oficial da marca, e, por aqui, era oferecido apenas com motor 1.8 aspirado ou turbo. Seu preço inicial ficava na casa dos 40 mil Dólares, e desde a estreia ele já cativava pelo visual atraente, que encantava o consumidor.

Não demorou para o A3 chegar ao Brasil, o que aconteceu ainda em 1997, por cerca de US$40 mil iniciais (Foto: Audi/divulgação)

A3 2000: primeiro Audi nacional

Em fevereiro de 1999, com a recém-inaugurada planta em parceria da VW e Audi em São José dos Pinhais (PR), o Audi A3 e seu primo VW Golf passavam a ser nacionais, feitos até na mesma linha de montagem devido a enorme quantidade de componentes compartilhados. Plataforma, direção, suspensões, freios, câmbio e parte da motorização eram pontos em comum nos dois carros.

Junto do Golf, o hatch médio da Audi se tornou nacional em 1999 (Foto: Audi/divulgação)

Mesmo assim, o A3 mantinha a exclusividade do motor 1.8 20 válvulas, bastante tecnológico, e também se gabava por ter itens de série e nível de requinte superior quando comparado com o Golf. É interessante ressaltar que o hatch da Audi, em uma versão de entrada, era oferecido com o motor 1.6 EA-111 aliado ao câmbio manual de 5 marchas, mas ele durou pouco: o consumidor premium pagava mais caro para ter um carro exclusivo, fato que levou o A3 1.6 ao fim de linha em menos de dois anos.

Outra particularidade interessante do A3 nacional, é que a carroceria esportiva com duas portas cedia espaço para a de quatro portas, mais sóbria e confortável, que havia chegado na Europa alguns meses antes. Além disso, os A3 Made in Brazil estreavam também uma nova calibração do motor 1.8 superalimentado, que gerava saudáveis 180 cv. Havia ainda o 1.8 aspirado com 125 cv, o 1.8 turbo de 150 cv e o simplório 1.6 de 101 cv, todos trabalhando em conjunto com o câmbio manual de 5 marchas.

Esportivo de verdade, o S3 era lançado por aqui em 2000, mas vinha da Alemanha com duas portas e tração Quattro (Foto: Audi/divulgação)

Mais novidades não demoraram pra chegar, e logo no início de 2000, o esportivo legítimo Audi S3 passava a ser vendido no mercado nacional. Tendo apenas carroceria de duas portas e visual pra lá de esportivo, com direito a apêndices aerodinâmicos e grandes rodas, o S3 trazia a tração integral Quattro, marca registrada da Audi pelo mundo.

Seu motor, ainda o consagrado 1.8 com cinco válvulas por cilindro, estava preparado para um desempenho realmente esportivo: 210 ou 225 cv de potência graças a nova turbina, intercooler, recalibração de injeção, ignição e TBI. Com relações curtíssimas no mesmo câmbio de 5 marchas, o S3 acelerava como poucos: ia de 0 a 100 km/h em cerca de 6,5 segundos e beirava os 245 km/h de velocidade máxima na configuração mais potente.

Fazendo curvas como poucos e acelerando de 0 a 100 km/h em 6,5 segundos, o S3 era um esportivo nato (Foto: Audi/divulgação)

Alguns meses depois, na linha 2001, o A3 1.8 turbo nacional (150 ou 180 cv) ganhava mais um salto de requinte e adotava a moderna transmissão automática Tiptronic de quatro marchas, que possibilitava trocas manuais em borboletas atrás do volante, também em conjunto com o VW Golf. As versões de entrada permaneciam com a robusta caixa manual.

Nas versões mais caras chegava o câmbio automático Tiptronic, com quatro marchas e trocas manuais (Foto: reprodução/Pastore Car Collection)

Passados dois anos, em 2003, essa primeira geração do Audi A3 se despedia do seu mercado de origem, o europeu. Chegava por lá, ao mesmo tempo, a segunda geração do modelo, mas aqui no Brasil foi diferente: o A3 de 1996 se manteve em produção no Paraná até o final de 2006, ano em que foi vendida juntamente com sua antecessora (importada). No total, mais de 57 mil Audi A3 de primeira geração foram fabricados em solo nacional.

O Novo A3 2007 partia de aproximadamente R$100 mil na época (um nacional, da geração anterior, custava cerca de R$70 mil), só com quatro portas e estreando o sobrenome Sportback, já era oferecido no mercado brasileiro novamente trazido de Ingolstadt (Alemanha), era inteiramente novo.

O A3 de segunda geração chegava ao Brasil em 2006, e conviveu com seu antecessor por alguns meses (Foto: Audi/divulgação)

Começando pela plataforma, a moderna PQ35, mesma do Golf V, a segunda geração do hatch da Audi estava maior, mais espaçosa, mais moderna, tecnológica, segura, potente…enfim, completamente renovada e melhorada.

Trazia concepção mais refinada, com suspensões independentes nas quatro rodas, eixo traseiro tipo multibraço, e foi um dos primeiros carros vendidos no mercado nacional com o tecnológico sistema de injeção direta de combustível, que estava presente nas versões mais caras, movidas pelo novo motor 2.0 turbo de 200 cv. As configurações mais simples ainda contavam com o 1.6 8V e seus 101 cv, que logo saiu de linha, já que deixou de ser produzido na Europa.

Outro ineditismo estava no câmbio automatizado de dupla embreagem S-Tronic, o primeiro deste tipo no Brasil, que tinha 6 marchas e chamava atenção pela agilidade nas trocas e suavidade de funcionamento. Era exclusividade do motor 2.0 turbo (chamado TFSI), já que os A3 1.6 eram manuais.

Chamada de S-Tronic, a caixa automatizada de dupla embreagem do Novo A3 foi pioneira no Brasil (Foto: Audi/divulgação)

E, claro, outro que não podia faltar era o S3: apresentado na Europa em 2006, ele desembarcou no Brasil logo em seguida. Trazia motor 2.0 turbo com injeção direta, mas recalibrado para impressionantes 265 cv

Claro que não podia faltar o esportivo S3, que chegava ao Brasil entre 2006 e 2007 com nada menos que 265 cv (Foto: Audi/divulgação)

Nessa época o Audi A3 já beirava seu primeiro milhão de unidades fabricadas mundialmente, fato que foi consumado definitivamente em 2008. Dali em diante, o A3 de segunda geração permaneceu no mercado nacional sem muitas mudanças significativas.

Na segunda parte, continuando a história do hatch médio da Audi, relembre a chegada da sua terceira geração, a família aumentando e, de novo, produção nacional. Não perca!

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Jornalista na área automobilística há 48 anos, trabalhou na revista Quatro Rodas por 10 anos e na Revista Motor Show por 24 anos, de onde foi diretor de redação de 2007 até 2016. Formado em comunicação na Faculdade Cásper Líbero, estudou três anos de engenharia mecânica na Faculdade de Engenharia Industrial (FEI) e no Instituto de Ensino de Engenharia Paulista (IEEP). Como piloto, venceu a Mil Milhas Brasileiras em 1983 e os Mil Quilômetros de Brasília em 2004, além de ter participado em competições de várias categorias do automobilismo brasileiro. Tem 67 anos, é casado e tem três filhos homens, de 20, 31 e 34 anos.