Audi A3: 25 anos do carro que mudou a marca alemã no Brasil (Parte 2)

Leia a primeira parte da história do hatch da Audi, contando mais sobre seu projeto inicial, além da primeira e segunda geração, aqui.

Terceira geração inovando mais uma vez

Eram meados de 2013 quando o A3 de terceira geração chegava ao mercado nacional, cerca de um ano depois da Europa. Esse novo carro foi o responsável por inaugurar a plataforma modular MQB no Brasil, fruto do Grupo VW e que hoje é utilizada por boa parte dos Volkswagen vendidos no Brasil, desde Polo até Tiguan.

Terceira geração já estreava sempre na carroceria Sportback (Foto: Audi/divulgação)

Repetindo a dose da geração anterior, o A3 2014 era oferecido por aqui inicialmente apenas na carroceria Sportback com quatro portas, e mantinha a construção requintada, com freios a disco nas quatro rodas, suspensões independentes e fixação multibraço no eixo traseiro.

Concepção refinada com suspensões independentes e fixação multibraço no eixo traseiro era de série (Foto: Audi/divulgação)

Ainda maior, mais refinado, seguro e tecnológico, esse inédito Audi de entrada passava a ter novamente duas opções de motor, ambas superalimentadas: 1.4 TFSI de 122 cv ou 1.8 TFSI de 180 cv (responsável por levá-lo aos 232 km/h de velocidade máxima e completar o 0 a 100 km/h em 7,3 segundos), sendo que as duas trabalhavam em conjunto com o câmbio automatizado S-Tronic, agora com sete velocidades.

Algum tempo depois chegava também o esportivo S3 com seu motor 2.0 TFSI, exclusivo e mais potente (280 cv), visual característico alusivo ao desempenho e, obviamente, tração Quattro. Contando também com a transmissão S-Tronic, programada em prol das acelerações, o S3 2014 era um canhão: ia de 0 a 100 km/h em menos de 5 segundos e batia os 250 km/h de velocidade máxima.

S3 estava mais potente do que nunca com seus 280 cv (Foto: Audi/divulgação)

A3 Sedan: família crescia

Graças a plataforma modular MQB, a Audi teve a possibilidade de criar mais um integrante da sua família de entrada: o A3 Sedan, ou A3 Limousine em alguns mercados, que crescia não só no comprimento da carroceria, mas também na distância entre-eixos. O novo três-volumes chegou no Velho Continente em 2013, mas só desembarcou por aqui no comecinho de 2014.

Graças a plataforma modular, vinha ao mundo o primeiro A3 Sedan (Foto: Audi/divulgação)

Nessa altura do campeonato, o Audi A3 já tinha provado suas virtudes ao mundo e batia a memorável marca de 3 milhões de unidades produzidas no planeta. Um sucesso e tanto, que já acumulava três gerações e presença nos principais mercados do mundo!

Inicialmente vendido no Brasil apenas nas versões mais caras, com motor 1.8 turbo de 180 cv e, novamente, o câmbio S-Tronic, o A3 Sedan queria roubar mercado de rivais importados como Honda Accord e Ford Fusion, mas também podia brigar com nacionais topo de linha como Toyota Corolla e Honda Civic, por exemplo.

Carro que chegava ao Brasil era sempre 1.8 turbo e bastante completo para competir com outros sedans premium (Foto: Audi/divulgação)

Não demorou muito para o mercado cobrar uma versão mais barata do A3 Sedan, que nessa altura do campeonato já vendia mais que o Sportback no Brasil: chegava no final de 2014 a opção do motor 1.4 TFSI com o câmbio S-Tronic para o três-volumes da Audi, o que deixou o modelo ainda mais competitivo e vendável.

Vale a menção também para a importação de algumas unidades do A3 Cabriolet para o Brasil entre 2014 e 2016. Feito a partir de um sedan mas com apenas duas portas, esse conversível pra lá de exclusivo era movido unicamente pelo 1.8 TFSI de 180 cv e se garantia na diversão ao volante. Foi ele o responsável por fechar a tríade A3 no mercado nacional: Sportback, Sedan e, agora, Cabriolet.

Completando a família, o A3 Cabriolet estreava no Brasil baseado na carroceria sedan (Foto: Audi/divulgação)

Made in Brazil…again

Vendo o crescente sucesso do A3 Sedan no Brasil, que já desbancava seus principais rivais e canibalizava o Sportback e até o maior A4, a Audi logo aprontou novamente seu espaço na fábrica de São José dos Pinhais, que, até então, produzia modelos Volkswagen, e tratou de nacionalizar seu pequeno três-volumes em outubro de 2015. O hatch e conversível, com menor pedida, continuavam sendo importados da Alemanha.

Carroceria sedan passava a ser produzida no Paraná inicialmente nas versões de entrada, que tinham visual e construção mais simples (Foto: Audi/divulgação)

Montado por aqui nas versões mais baratas só com motor 1.4 TFSI, que passava a ser flex (único na história) e desenvolvia bem mais potência (150 cv e 25,5 mkgf de torque, como nos dias atuais), o A3 Sedan paranaense tinha algumas “exclusividades”: além da troca da transmissão S-Tronic pela tradicional Aisin AT6 de seis velocidades, ele perdia as suspensões independentes com multilink na traseira em prol do bom e velho eixo de torção, mesmo esquema construtivo de sua primeira geração.

Seu TFSI de 1.4 litro, pela primeira vez, ganhava tecnologia flex (Foto: Audi/divulgação)

Foram mudanças polêmicas, que deram o que falar na época, mas que logo foram, de certa forma, esquecidas, afinal em novembro do mesmo ano a Audi nacionalizava também o A3 Sedan das versões mais caras, com o inédito 2.0 TFSI de 220 cv e, novamente, a caixa de dupla embreagem. Ele, pelo contrário, mantinha o mesmo nível construtivo do carro importado, sem tirar nem pôr absolutamente nada, e tinha desempenho de esportivo: 0 a 100 km/h em cerca de 7 segundos.

Na prática, em meados de 2016, a linha A3 por aqui era bastante completa, abrangendo diversos tipos de consumidor e necessidades do mercado. Ia desde um hatch com motor 1.4 TFSI de 122 cv, passando por um conversível 1.8 TFSI de 180 cv, sedan 2.0 TFSI de 220 cv até chegar no esportivo S3 com tração Quattro e seus quase 300 cv. A produção dessa trupe também era dividida entre Brasil e Alemanha.

A produção de toda essa família era dividida entre Brasil e Alemanha (Foto: Audi/divulgação)

E, sem parar nas novidades, a família A3, tanto nacional quanto importada, passava por uma reestilização no início de 2017. Para se alinhar à identidade visual da Audi pelo mundo, o modelo ganhava novos faróis, mais afilados, além de grade e parachoques inédito. A traseira ficava mais inalterada, recebendo apenas mudanças discretas na lanterna, enquanto a lateral era renovada pelas rodas com desenhos inéditos. Por dentro, quem chamava a atenção era o novo volante, igual ao de modelos mais caros da marca.

2021: produção nacional encerrada e quarta geração

Ano agitado para a família A3 no Brasil, seja pelo encerramento (novamente) da sua produção nacional em março, o que matou em definitivo a terceira geração do modelo no mundo, ou pela estreia da atual e quarta geração do modelo (segunda para o sedan) dois meses depois, importada mais uma vez da Alemanha.

Os planos para a retomada da fabricação de Audi’s no Brasil são promissores, e isso deve acontecer em breve não só com o A3 mas também o SUV Q3. Por enquanto, ainda está paralisada, mas isso não deve durar muito tempo.

Mas voltando ao personagem principal da nossa história: ele passou a ser comercializado na sua atual geração no Brasil a partir de maio de 2021, que, pra variar, cresceu e se modernizou em praticamente todos os sentidos. Mais próximo entre as carrocerias Sportback e Sedan, que inclusive estrearam juntas, o A3 2022 é equipado única e exclusivamente com motor 2.0 TFSI e transmissão automatizada de dupla embreagem com sete velocidades (de novo ela, a S-Tronic).

7,5 segundos de 0 a 100 km/h na nova geração, e nem estamos falando do S3… (Foto: Lucca Mendonça)

Traz ainda suspensões independentes com multilink, freios a disco nas quatro rodas, freio de mão eletrônico e direção elétrica irretocável, pra ninguém botar defeito. Além disso, brilha também no consumo baixíssimo de gasolina e se garante com ótimo desempenho, completando a prova de 0 a 100 km/h em menos de 7,5 segundos, seja na carroceria hatch ou sedan. Um carro e tanto, apesar das dimensões ainda contidas de certa forma e título de “júnior” dentro da família Audi.

Interior moderno pra esquecer de vez as linhas internas insossas da antiga geração (Foto: Lucca Mendonça)

Já perto das 5 milhões de unidades fabricadas no mundo todo, fica claro notar todo o progresso e avanço do Audi A3 durante suas quatro gerações, todas responsáveis por estrear tecnologias ou ineditismos. No Brasil, nunca perdeu seu status nem respeito, um feito e tanto em tempos de SUVs como moda principal. Um sucesso de 25 anos em terras nacionais ou quase 30 no planeta, que gerou ótimos frutos e ainda deve brilhar por mais alguns bons anos.

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Jornalista na área automobilística há 48 anos, trabalhou na revista Quatro Rodas por 10 anos e na Revista Motor Show por 24 anos, de onde foi diretor de redação de 2007 até 2016. Formado em comunicação na Faculdade Cásper Líbero, estudou três anos de engenharia mecânica na Faculdade de Engenharia Industrial (FEI) e no Instituto de Ensino de Engenharia Paulista (IEEP). Como piloto, venceu a Mil Milhas Brasileiras em 1983 e os Mil Quilômetros de Brasília em 2004, além de ter participado em competições de várias categorias do automobilismo brasileiro. Tem 67 anos, é casado e tem três filhos homens, de 20, 31 e 34 anos.