A curiosa linha de modelos “atuais” da Lada

A russa Lada explorou o mercado nacional com três modelos no início da década de 90: o sedan decano Laika, o jipe Niva (também decano) e, como uma opção “mais moderna” o hatchback Samara. O trio apostava, principalmente, no excelente custo X benefício, já que ofereciam bastante conteúdo por preços sempre mais baixos que os da concorrência. Uma estratégia similar àquela adotada pelas fabricantes chinesas por aqui há 10 ou 15 anos. A marca acabou se despedindo do Brasil na segunda metade dos anos 90, deixando milhares de donos de Laika, Niva e Samara órfãos.

O Lada Laika, um dos três modelos vendidos no Brasil (Foto: Lada/divulgação)

Mas e hoje, como anda a maior fabricante de automóveis da Rússia? A Renault assumiu boa parte do controle da Lada há cerca de 10 anos. A marca francesa não só dividiu dinheiro e know-how, como também plataformas mecânicas, motores, câmbios e até mesmo carros inteiros com a Lada, que cresceu ainda mais.

Os modelos atuais, que vão desde hatches populares até SUVs off-road, formam uma linha de produtos bastante completa, embora um tanto defasada. Para se ter uma ideia, o mais moderno deles já tem 6 anos de lançamento e nunca recebeu sequer uma mudança visual. Confira os outros carros da Lada que podem ser comprados em 2022:

Granta

Foto: Lada/divulgação

Porta de entrada para a marca, o Granta é um sedan compacto de porte próximo ao do atual VW Voyage. Ele chegou 2012 e logo de cara já pagou seu maior mico, quando, ao ser apresentado ao então primeiro-ministro da Rússia Vladimir Putin (hoje presidente) no lançamento, teve problemas ao abrir o porta-malas (que supostamente estava emperrado) e, na hora do test-drive do líder, simplesmente não queria funcionar. As piadinhas, claro, não faltaram, até mesmo no seu país de origem.

Tragédias a parte, ele se mantém até hoje a venda sem muitas mudanças ao longo desses dez anos: adotou a frente com a nova identidade visual da marca, trocou parachoques e posição da placa de licença, além de ganhar novo interior. De grande família, ele tem também opção de carroceria dois volumes e meio, station wagon (categoria que ainda vende bem por lá) e até uma perua aventureira, chamada de Cross.

A grande família também é composta por uma perua (Foto: Lada/divulgação)

Sua mecânica é composta pelos antigos motores Renault 1.6 K7M (8 válvulas) e K4M (16 válvulas), os mesmos que tivemos por aqui equipando Sandero, Logan e Duster, além de uma transmissão manual de 5 marchas. As versões mais caras já trazem um outro motor 1.6 16v de origem Lada, que nesse caso é equipado exclusivamente com uma transmissão automática de 4 velocidades (também a mesma que a Renault utilizava por aqui até pouco tempo). A opção mais potente não passa de 106 cv (Renault K4M), enquanto as outras duas tem 90 cv (Renault K7M) e 98 cv (Lada 1.6 AT4).

Granta hatch (ou Kalina)

Antes Kalina, hoje Granta hatch (Foto: Lada/divulgação)

O Kalina sempre foi um hatch popular bem simples, do porte de um Gol ou Uno. Foi lançado em 2004 e é outro que até hoje está em produção, vivendo a base de muita plástica e botox. De uns anos pra cá, depois de uma reestilização grande, ele mudou de família e agora se chama Granta hatch. Mesmo beirando as duas décadas de idade, o bom e velho Kalina ainda se mostra interessante e, melhor, vendável. Adotou as mesmas opções de motor do Granta, parte do seu visual interno e externo, e assim deve seguir por mais um bom tempo.

Niva Legend

Foto: Lada/divulgação

Eis aqui um velho conhecido do brasileiro: o Niva. Sim, é ele mesmo, que já está em produção ininterrupta há quase 45 anos. Recebeu algumas reestilizações aqui e acolá, mas não esconde sua origem, nem tampouco sua robustez, durabilidade e vocação off-road. Além da versão duas portas, ele conta também com uma opção de cinco portas em uma carroceria alongada, e uma edição com visual bruto e ainda mais apelo aventureiro, chamada Bronto (favor não confundir com o Bronco, da Ford).

A carroceria de 5 portas é alongada (Foto: Lada/divulgação)

Ele sempre traz o mesmo motor, um antiquado 1.7 8 válvulas movido a gasolina, que, graças a injeção eletrônica, hoje já entrega uma potência de 83 cv. O gerenciamento de toda essa força descomunal é feito por um câmbio manual de 5 marchas, e, como não poderia faltar em um bom jipe raiz, ele traz tração 4×4 com reduzida, mas sem nenhuma eletrônica. Mais raiz que isso, impossível.

XRay

Foto: Lada/divulgação

O XRay é o filho mais novo da mãe Lada. Chegou no final de 2015 com a proposta de ser um hatch grandinho, e pra isso compartilhou plataforma mecânica e estilo geral com o Renault Sandero. Por ser o mais recente, ele é dono das linhas mais atuais e modernas, desenhadas por Steve Mattin (ex-Mercedes e atual chefe de design da Lada). As semelhanças com o Sandero são tantas que ele tem inclusive seu próprio “Stepway”: X-Ray Cross.

O XRay Cross é o Sandero Stepway russo (Foto: Lada/divulgação)

Enquanto a versão civil oferece só motor 1.6 16v (novamente o K4M), que pode ser acoplado a uma caixa manual de 5 marchas ou automática CVT (o X-Tronic, que é nosso conhecido), a aventureira pode ser equipada também com um 1.8 de pouco mais de 120 cv, desenvolvido pela própria Lada em parceria com uma empresa britânica. No caso do motor 1.8, a única transmissão disponível é a manual de 5 marchas.

Largus

Foto: Lada/divulgação

Mistura quase perfeita entre minivan e perua, o Largus nada mais é que a versão station da primeira geração do Logan, e era chamada de MCV. Assim que sua produção foi encerrada pela Renault em meados de 2013, todo seu ferramental passou para a enorme planta de Togliatti da Lada, onde permanece até hoje. Fazendo sucesso com as famílias com opção de 5 ou 7 lugares, ou então com as empresas graças a carroceria furgão, o Largus (ou MCV da Lada) passou recentemente por uma profunda revitalização visual, que finalmente aposentou sua “carinha de 2005”.

Recentemente, o Largus perdeu a aparência de 2005 e hoje tem até versão Cross (Foto: Lada/divulgação)

Hoje ele traz a mesma identidade visual externa do restante da linha, enquanto seu interior é peculiar: exatamente o mesmo do antigo Renault Duster nacional. Claro que a versão aventureira Cross não poderia faltar, assim como os velhos motores Renault 1.6 K7M e K4M aliados à transmissão manual de 5 marchas, sem opção de câmbio automático.

Vesta

Foto: Lada/divulgação

Assim como o XRay é o Sandero de segunda geração russo, o Vesta é o Logan de segunda geração russo. Bonito e com linhas que seriam bem aceitas em grande parte do planeta, ele foi lançado em 2016 trazendo não só uma chamativa cor verde limão, mas também tecnologias inéditas para a marca. Atualmente ele já tem variantes Cross (sim, um sedan com apelo off-road), perua e até opção de GNV de fábrica, como o nosso Fiat Grand Siena.

Bonito e moderno, o Vesta também tem sua SW (Foto: Lada/divulgação)

Da mesma forma, plataforma e mecânica do Vesta tem origem Renault: motor 1.6 16v e opção do câmbio automático CVT X-Tronic. O motor 1.8 “by Lada” também é oferecido, mas só com câmbio manual de 5 marchas. O modelo também saiu das pranchetas do Steve Mattin, ou seja, seu design bem acertado é justificável.

Niva Travel

Foto: Lada/divulgação

Esse tem uma história curiosa: na realidade, ele nasceu em 1998 como Lada 2123, e em 2002 passou a se chamar Chevrolet Niva graças a uma extinta parceria entre GM e Lada. Sua plataforma, motorização e mecânica básica eram as mesmas do velho Niva que tivemos por aqui, mas com outra carroceria mais moderna por cima, que o transformou em SUV. Com o fim da aliança GM-Lada em 2020, o modelo foi novamente rebatizado com o nome da fabricante russa e recebeu um belo tapa no visual, nascendo assim o Niva Travel.

Com história curiosa e mesma mecânica do Niva antigo, ele é uma alternativa ao velho jipe (Foto: Lada/divulgação)

Sob seu capô está o mesmíssimo 1.7 de parcos 83 cv do Niva antigo, assim como a tração 4×4 e o câmbio manual de 5 marchas, mas ele já conta com itens “tecnológicos” como airbag duplo dianteiro, freios ABS e até central multimídia. É uma opção mais moderna frente ao antigo jipe, embora custe bem mais caro.

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Com 22 anos, está envolvido com o meio automotivo desde que se conhece por gente através do pai, Douglas Mendonça. Trabalha oficialmente com carros desde os 17 anos, tendo começado em 2019, mas bem antes disso já ajudava o pai com matérias e outros trabalhos envolvendo carros, veículos, motores, mecânica e por aí vai. No Carros&Garagem produz as avaliações, notícias, coberturas de lançamentos, novidades, segredos e outros, além de produzir fotos, manter a estética, cuidar da diagramação e ilustração de todo o conteúdo do site.